Rede Unida, 10º Congresso Internacional da Rede Unida


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A Gestão Autônoma de Medicamentos (GAM): os desafios da participação em pesquisa
Eduardo Passos, Letícia Renault, Júlia Florêncio Carvalho Ramos

Resumo


Este trabalho visa a apresentar os desafios de uma pesquisa participativa, na qual a participação é considerada em diferentes níveis, inclusive o da própria gestão da pesquisa. O projeto Autonomia e direitos humanos: validação do Guia de Gestão Autônoma da Medicação – GAM (FAPERJ, 2011) está vinculado à Universidade Federal Fluminense e é parte do projeto multicêntrico (UNICAMP-UFF-UFRJ-UFRGS) “Pesquisa avaliativa de saúde mental: instrumentos para a qualificação da utilização de psicofármacos e formação de recursos humanos” (CNPq, 2009), de parceria internacional entre Brasil e Canadá e sob chancela da ARUC (Alliance Internacionale de Récherche Universités-Communauté). Desde o início de 2011, estamos realizando em um CAPS a validação do instrumento Guia da Gestão Autônoma de Medicamentos (GGAM), voltado a usuários de medicamentos psiquiátricos e cujo objetivo é promover, na rede pública de saúde mental, a participação dos usuários em seu tratamento, ampliando as condições do exercício de seus direitos e de sua cidadania. Com esta pesquisa, além da validar esse instrumento junto a usuários, trabalhadores, familiares e gestores, buscamos também sistematizar as contribuições da estratégia GAM-BR. A pesquisa GAM está inserida no contexto dos movimentos cujos interesses são o fortalecimento das práticas coletivas e a promoção da participação no campo da saúde. A participação na pesquisa GAM é mais do que um fim a ser atingido: é a própria diretriz que guia seu modo de realização e seu desenho metodológico. Para a validação do GGAM, os pesquisadores realizam semanalmente dois grupos de intervenção (GIs), um com usuários e trabalhadores e outro com familiares e trabalhadores, incluindo-os na tarefa de validação. Trabalhadores, usuários e familiares podem avaliar o instrumento junto aos pesquisadores, sugerindo modificações e tendo parte na consolidação do Guia. O modo de condução desses grupos, a que chamamos manejo, se dá de maneira a cultivar a participação, permitindo a lateralização das falas e criando condições para a ampliação dessa participação também em outros espaços, como na Associação de Usuários e Familiares. A participação de usuários, trabalhadores, gestores e familiares se dá, ainda, no âmbito da própria gestão da pesquisa, com sua presença nas reuniões multicêntricas em que os diferentes campos envolvidos discutem seus trabalhos e definem seus rumos subseqüentes.Palavras-chave: saúde mental, participação, pesquisa participativa, gestão autônoma da medicação.