Rede Unida, 10º Congresso Internacional da Rede Unida


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A implantação do apoio matricial em Saúde Mental na rede de Atenção Primária da cidade do Rio de Janeiro
Daniela Costa Bursztyn, Daniela Albrecht Marques Coelho, Luis Eduardo Granato Raulino, Sandra Aroca

Resumo


Este trabalho tem como objetivo apresentar e discutir a integração da Saúde Mental na Estratégia de Saúde da Família, a partir de nossa experiência de implantação do matriciamento em saúde mental na rede de serviços de atenção primária da cidade do Rio de Janeiro. Apresentaremos o apoio matricial em Saúde Mental como estratégia de suporte técnico-assistencial e pedagógico para as equipes de Saúde da Família, discutindo as potencialidades desta modalidade de apoio e os desafios para sua efetivação a partir da articulação com os serviços de atenção psicossocial e com a rede intersetorial. Em função do processo de expansão da atenção primária na cidade, a Coordenação de Saúde Mental da Secretaria Municipal de Saúde e Defesa Civil do Rio de Janeiro incluiu em sua equipe de assessores, uma assessoria que se dedica, em especial, ao planejamento estratégico e ao acompanhamento das ações de matriciamento em saúde mental desenvolvidas na rede municipal de saúde. Para orientar o trabalho da Assessoria de Matriciamento, partimos da concepção do apoio matricial como uma metodologia de ‘gestão de cuidado em saúde’ fundamentada nos princípios do SUS e da reforma psiquiátrica brasileira. Trata-se de difundir entre os profissionais da saúde mental uma metodologia de trabalho que visa oferecer às equipes de Saúde da Família uma retaguarda especializada para reorganização da assistência em saúde mental no campo da saúde pública através da condução compartilhada dos casos. Através de uma ação conjunta e norteada pela lógica do compartilhamento do cuidado, o matriciador de saúde mental e a equipe de Saúde da Família asseguram a co-gestão de um cuidado clínico interdisciplinar pela conexão de saberes e práticas em torno do cuidado ao usuário. Esta ação conjunta pode se dar, entre outras coisas, através de discussão de casos, de atendimentos, atividades ou intervenções conjuntas e atividades educativas, ou seja, do compartilhamento de tecnologias de cuidado em uma lógica de co-responsabilização. Em meio a inúmeras dificuldades e desafios como, por exemplo, a ‘desconstrução’ da lógica ambulatorial que pode atravessar os serviços de atenção primária, é possível afirmar que o matriciamento em saúde mental vem produzindo uma gradativa ampliação e qualificação das ações de Saúde Mental na Atenção Primária em Saúde.