Rede Unida, 10º Congresso Internacional da Rede Unida


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A construção de um processo de gestão colegiada na Estratégia de Saúde da Família em Casimiro de Abreu
Marcela Cunha, Felipe Berbert

Resumo


Casimiro de Abreu situa-se na baixada litorânea do Estado do Rio de Janeiro, com população de 35.347 habitantes e 100% de cobertura da Estratégia de Saúde da Família (ESF). Trata-se de um município dividido em quatro distritos e composto por região serrana, uma pequena faixa litorânea, áreas rurais e urbanas. O sistema de saúde conta com um hospital municipal de baixa e média complexidade, duas policlínicas, um espaço de saúde mental, 10 equipes de Saúde da Família e um Núcleo de Apoio ao Saúde da Família (NASF). A ESF foi implantada em 2002 com a finalidade de reorganizar a rede básica de saúde. Em agosto de 2011 teve início a parceria de gestão do município com uma Organização Social de Saúde a partir de um contrato que prevê metas e melhoria dos indicadores de saúde. Entre os principais problemas de adequação ao modelo de atenção estavam a dificuldade de fixação de profissionais médicos, não cumprimento de carga horária, falta de atuação do médico como generalista, centralização dos programas de vigilância epidemiológica (hanseníase e tuberculose), o NASF atuava de forma fragmentada e sem definição clara das suas atribuições, pouca qualificação dos membros das equipes gerando dificuldades na construção do vínculo com a população e esvaziamento do papel da atenção básica como porta de entrada principal ao sistema de saúde, diminuindo a sua resolutividade. A partir desse diagnóstico foram realizadas intervenções no processo de trabalho das equipes, buscando sensibilizar os profissionais para mudanças necessárias e construir uma relação possível a partir desse novo modelo organizacional. Os salários foram readequados, o vínculo empregatício virou estável, houve a substituição de alguns profissionais que não se enquadravam no perfil de atuação, foi realizado o Curso Introdutório do Saúde da Família para todos os membros das equipes, a reorganização do acolhimento por prioridade e necessidade de saúde e não por ordem de chegada, a realização da abertura das agendas com gestão das filas e organização do fluxo de entrada ao sistema de saúde fortalecendo a ESF como coordenadora do cuidado. Vale ressaltar que o processo é ainda recente envolve a quebra de culturas e hábitos, portanto, com resultados parciais. O discurso dos gestores e profissionais começa a se modificar caminhando para melhor adequação da prestação dos serviços de saúde. É necessário dar seqüência as capacitações programadas e acompanhamento sistemático do desenvolvimento das atividades pelas equipes a fim de melhorar a qualidade da assistência prestada.