Rede Unida, 10º Congresso Internacional da Rede Unida


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Apoio Matricial de Saúde Mental em Dependência Química na Atenção Primária: Um relato de experiência
Hélio Antonio Rocha

Resumo


Desde 1994, a Estratégia de Saúde da Família (ESF) vem se mostrando como meio de reorganização do Sistema Único de Saúde em todo o Brasil, sendo responsável pelo atendimento dos problemas de saúde mais prevalentes da população. Dentre os problemas de saúde mental prevalentes na atenção primária, destacam-se os transtornos mentais relacionados ao uso de substâncias. Frequentemente as equipes da ESF não se sentem habilitadas a lidar com este problema, acreditando que somente especialistas na área de saúde mental podem tratar destes pacientes. O matriciamento pode ser entendido como um modelo de integração entre especialistas e profissionais que atuam na atenção primária à saúde, buscando apoiar e capacitar as equipes da ESF no acompanhamento a diversos agravos à saúde.Este relato tem como objetivo compartilhar a experiência de apoio matricial a equipes da ESF dos Morros do Borel e Casa Branca, da cidade do Rio de Janeiro, realizado pela equipe do Programa de Educação ao Trabalho (PET) Crack e Outras Drogas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. A ESF realizava poucos atendimentos em dependência química, acreditando que somente os pacientes que queriam parar de usar drogas poderiam ser tratados, deixando de abordar o problema do uso de drogas com a maioria dos usuários do sistema de saúde. Com o apoio matricial as equipes realizaram um levantamento de quantos casos de uso abusivo e de dependência de drogas existiam por área adscrita. Os médicos de família foram capacitados na abordagem diagnóstica e terapêutica da dependência química, utilizando medicamentos oferecidos gratuitamente pelo SUS. A equipe do PET realizou discussões de casos com as equipes da ESF, além de participar de atendimentos conjuntos na unidade da ESF, em visitas domiciliares e em outras áreas da comunidade. Os profissionais da equipe foram apresentados à estratégia de redução de danos, preconizada pelo ministério da saúde, permitindo que mesmo os usuários que não param de usar drogas possam fazer acompanhamento de saúde.Os pacientes com transtornos mentais relacionados ao uso de substância frequentemente faltaram aos atendimentos agendados nas unidades de saúde. A visita domiciliar e a abordagem na comunidade se revelaram como as estratégias mais eficazes para construir seu cuidado de saúde. Houve também uma articulação mais próxima com os ambulatórios de especialidade e CAPS da área.