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O Apoio Matricial se configura como um dispositivo de gestão do cuidado em saúde, que pretende oferecer um suporte técnico-pedagógico às equipes de Atenção Básica a fim de ampliar seu campo de atuação e qualificar suas ações. Tendo isso em vista, o presente trabalho pretende relatar como vem se estruturando a implantação do matriciamento em Saúde Mental em uma Clínica da Família do Rio de Janeiro, por profissionais de um Centro de Atenção Psicossocial.Após quase um ano de existência da Clínica e alguns impasses, foi definido um CAPS da região como responsável pelo matriciamento da Unidade. O desenho inicial deste apoio se mostrou pouco eficaz, passando por uma avaliação e reestruturação. Este processo aconteceu de forma participativa, com os profissionais da ESF, do CAPS e as residentes de Saúde da Família que atuam na Unidade de Saúde, priorizando-se que a estrutura do Apoio Matricial fosse definida a partir dos casos de Saúde Mental do território e das demandas dos profissionais da ESF. A implantação do Apoio Matricial em Saúde Mental neste território enfrenta alguns obstáculos como a insuficiência e desarticulação da rede de assistência em Saúde Mental da região e a disponibilidade de um número pequeno de profissionais para o matriciamento – dois técnicos de referência e uma médica psiquiatra para 11 equipes de Saúde da Família – diante de uma grande demanda em Saúde Mental. Além disso, a dificuldade inicial de diálogo entre profissionais de diferentes áreas, que trabalham em lógicas distintas e possuem diferentes olhares para o objeto da Saúde Mental, e a fragmentação histórica do sistema de saúde brasileiro, presentes até hoje, também se constituem em dificuldades para o funcionamento do Apoio Matricial.A forma com que atualmente o apoio matricial está organizado, nesta experiência local, vem se mostrando como potencializadora da oferta de cuidado em Saúde Mental e da interação entre as equipes de Saúde Mental e de Atenção Básica. Neste processo, percebemos a construção de uma parceria entre os profissionais destes dois campos, no sentido do compartilhamento do cuidado aos usuários, o que contribui para uma atenção mais integral à saúde e para a produção de saídas possíveis no território.Entendemos que o estabelecimento de parceria e a integração entre os diferentes atores envolvidos nesta prática são fundamentais para a produção de sentido do Apoio Matricial, favorecendo uma qualificação do cuidado em saúde.