Rede Unida, 10º Congresso Internacional da Rede Unida


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Deflagrando movimentos e suscitando questionamentos sobre o processo de implantação do Apoio Matricial em Saúde Mental na Zona Sul da cidade do Rio de Janeiro
Thiago Monteiro Pithon

Resumo


Este relato busca colocar em discussão algumas reflexões sobre a implantação e organização do Apoio Matricial em Saúde Mental (AM) no macroterrório denominado Dois Irmãos na Área Programática 2.1 do município do Rio de Janeiro, que envolve os bairros Rocinha, Vidigal, São Conrado, Gávea, Leblon e Vila Canoas. Conta-se com uma amplitude significativa da Estratégia de Saúde da Família (ESF), como a Rocinha e Vidigal que têm a totalidade de suas áreas cobertas. A organização do AM foi pautada na escolha estratégica de não encerrar unicamente no NASF a responsabilidade de desenvolver o apoio à ESF no que se refere às demandas de saúde mental. Discute-se aqui o Apoio Matricial como “função” ao invés de uma atribuição exclusiva, podendo ser compartilhada entre outros serviços que possuam no seu staff profissionais de saúde mental que viabilizem o apoio na gestão do cuidado e na corresponsabilização dos casos. Estão envolvidos 10 profissionais de saúde mental - psicólogos e psiquiatras - do NASF, CAPS III e Centro Municipal de Saúde (CMS) que matriciarão 32 equipes da ESF. Entre as questões suscitadas, destaca-se como produzir ou afinar discursos, entendimentos e práticas sobre o que é AM entre os profissionais de saúde mental de 3 serviços com atuações e papéis diferentes. Fez-se necessário dialogar a natureza e a capacidade destes serviços com a agenda dos profissionais para esta “função”, ou seja, incorporar o matriciamento ao cotidiano do trabalho superando a lógica de mais uma tarefa a ser executada, tornando-se prática integrante da gestão do cuidado e ferramenta de educação permanente. Balizadores foram utilizados para definir quais equipes de Saúde da Família o NASF, o CAPS III e o CMS deveriam matriciar, a saber, suas vinculações e proximidade com a ESF e o território, as experiências de intervenções compartilhadas e projetos terapêuticos construídos. Entre os movimentos deflagrados, destacam-se a reorganização do fluxo de saúde mental neste Macroterritório tendo a ESF como ordenadora da linha de cuidado; uma melhor definição sobre a responsabilidade de cada serviço no acompanhamento dos casos de usuários com demandas de sofrimento mental, assim como na atenção à crise e no encaminhamento, o que envolve o exercício de diálogo, autonomia e integralidade por parte da rede na simplificação do cuidado.