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Caracterização do Problema: A sistemática do acolhimento se baseia no cotidiano das práticas de saúde por meio da escuta qualificada e da capacidade de pactuação entre a demanda do usuário e a possibilidade de resposta do serviço. De modo geral, quando se pensa em clínica, imagina-se um médico prescrevendo um remédio ou solicitando um exame para comprovar ou não a hipótese de uma determinada doença. No entanto, a clínica precisa ser muito mais do que isso, pois as pessoas não se limitam às expressões das doenças de que são portadoras. Mas para que se realize uma clínica adequada é preciso saber, além do que o sujeito apresenta de igual, o que ele apresenta de diferente, de singular, inclusive, um conjunto de sinais e sintomas que somente nele se expressam de determinado modo. Com isso, abrem-se inúmeras possibilidades de intervenção, e é possível propor tratamentos muito melhores com a participação das pessoas envolvidas, isto é através de uma clínica ampliada. A prática da clinica ampliada pressupõe a integração dos diferentes saberes com o objetivo do cuidado do indivíduo, visto em sua singularidade, por meio da elaboração de um projeto terapêutico mais adequado a suas necessidades em saúde. Descrição da Experiência: A UBS São Rafael tem a Estratégia de Saúde da Família e conta com três equipes de Saúde da família para atender a população adscrita. Na UBS tem também a atuação da equipe do NASF, composta de assistente social, psicólogo, nutricionista, fisioterapeuta, fonoaudiólogo e educador físico. Nas reuniões mensais com a ESF são discutidos os casos que demandam a atuação da equipe ampliada para um projeto terapêutico mais adequado. A área 51 apresenta grande contraste social compreendendo uma região de com assentamento populacional em condições precárias de moradia e saneamento básico. Trata-se de comunidade carente, com pouca adesão aos tratamentos propostos, cuja efetividade das ações da ESF é diminuída. Discutiu-se as dificuldades de trabalhar ações em saúde nesta comunidade em reunião da ESF com NASF, liderança local e professora e estudantes de medicina que atuam na USF São Rafael. Definiu-se que haveria atendimento mensal na creche da instituição filantrópica, com agenda compartilhada dos profissionais da ESF e NASF e identificação das prioridades pela liderança local. Os acadêmicos de medicina auxiliariam no atendimento e nos grupos de orientação. Efeitos Alcançados: Em 09/2011 iniciou-se trabalho de criação dos grupos na comunidade. O primeiro atendimento multiprofissional ocorreu em dezembro de 2011, cobrindo um total de 34 pessoas (8 famílias). Identificou-se a grande incidência de eventos comuns à infância (faringites, otites, verminoses e desnutrição). Também se prescreveu anticoncepcionais para 4 das 8 mulheres atendidas. Destaca-se o caso de família com histórico de abuso sexual, em que finalmente a equipe conseguiu fazer a avaliação da mãe, das crianças e da filha adolescente de 15 anos (sexualmente ativa). O trabalho permitiu construir vínculo com famílias avaliadas e fazer o diagnóstico das necessidades desta comunidade. A ação integrada aumentou a capacidade resolutiva da equipe, possibilitando a promoção de um cuidado além do estritamente biológico. Estar próximo da comunidade melhorou a adesão às ações em saúde, reforçando a importância da ocupação do território adscrito. Embora a adesão em Janeiro de 2012 tenha sido menor, foi estabelecido com a liderança local o cronograma dos atendimentos para o primeiro semestre de 2012. Recomendações: A vinculação da comunidade com a ESF requer a continuidade do atendimento local com a ocupação efetiva do território. A percepção da população quanto ao comprometimento da equipe multiprofissional com cuidado de sua saúde depende da criação de uma nova cultura da relação serviço-comunidade. Esta mudança somente ocorre mediante a combinação da regularidade da intervenção e persistência dos profissionais mesmo diante de resultados, a curto e médio prazo, aquém das expectativas.