Rede Unida, 10º Congresso Internacional da Rede Unida


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ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA: MODELO SUBSTITUTIVO OU QUANTITATIVO?
Aline Rodrigues Reser, Renata Correa Barros, Nilson Maestri Carvalho

Resumo


Trata-se de uma pesquisa apresentada a ESP-RS realizada como requisito a obtenção do título de Sanitarista no ano de 2008. Objetivo: Discutir os limites e as possibilidades da ESF como estratégia de mudança do modelo assistencial, considerando sua trajetória e seus pressupostos teórico-metodológicos, a partir de uma reflexão sobre a coerência entre seus Propósitos, Métodos e Organização, à luz do Postulado de Coerência de Mario Testa. O estudo foi caracterizado por uma pesquisa bibliográfica de caráter exploratório. A análise dos componentes levou em conta principalmente quatro grandes eixos relativos aos métodos e à organização: a forma de contratação dos profissionais, a formação acadêmica/profissional dos mesmos, a configuração das equipes de saúde e a inserção destas na rede assistencial. Resultados: a ESF compreende métodos que são determinados por seus propósitos e coerentes com os mesmos, e à construção de configurações organizacionais igualmente coerentes com os propósitos e métodos que as determinam. Uma das principais incoerências metodológicas apontadas diz respeito à forma de contratação dos profissionais das equipes da ESF, para a qual não há critérios claramente definidos. A fragilidade dos contratos gera um rodízio de profissionais tornando difícil o estabelecimento daquele que seria uma das características da ESF: o vínculo das equipes com a comunidade onde atuam. Outro aspecto contraditório diz respeito à configuração profissional das equipes com formação predominantemente biomédica enquanto a prática da ESF é extremamente ampla e complexa, exigindo uma equipe com um preparo bastante diversificado. Realidade pouco possível, em função de várias ambigüidades relacionadas à formação currículo acadêmico atual dos profissionais de saúde e demanda de trabalho como proposto. E por último a inserção da ESF numa rede desarticulada com lógicas distintas e com complexidades diferentes recorrendo a uma evidente incoerência entre propósitos e métodos. Conclusão: a ESF tem seu processo de implementação atravessado por conflitos de interesses e por relações de poder. Condicionado pelo perfil conservador das organizações envolvidas e pela ambigüidade dos métodos que compreendem a ESF, o propósito transformador do projeto tem enfrentado obstáculos e redefinições que desvelam, muitas vezes, um forte viés conservador.