Rede Unida, 10º Congresso Internacional da Rede Unida


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GESTÃO AUTÔNOMA DA MEDICAÇÃO (GAM) NO CUIDADO EM SAÚDE MENTAL: vivências, diálogos e cidadania.
Alexandre Melo Diniz, Maria Salete Bessa Jorge, Rosana Teresa Onocko Campos, Antonio Germane Alves Pinto, Mardênia Gomes Ferreira Vasconcelos

Resumo


A Gestão Autônoma da Medicação (GAM) deve ser entendida com um dispositivo complexo que envolve o serviço de saúde como um todo em suas várias dimensões: gestão, cuidado e ambiência. A valorização da experiência dos usuários com ênfase nos seus direitos e autonomia transpõe a dificuldade de inclusão dos diferentes sujeitos (usuários, trabalhadores e gestores) nas práticas de gestão da clínica. Objetiva-se analisar as experiências de usuários e trabalhadores de saúde mental na gestão autônoma da medicação com ênfase na construção da autonomia. Trata-se de uma pesquisa qualitativa na perspectiva crítica protagonizada pela vivência dos participantes do grupo operativo GAM. Realizada nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) Geral e Álcool e outras drogas (AD) do município de Maracanaú, no Estado do Ceará. Os participantes foram os 13 usuários e 8 profissionais de saúde (médico, psiquiatra, psicólogo, terapeuta ocupacional e assistente social). A técnica de coleta de dados foi o grupo narrativo e a análise pautou-se na hermenêutica. Os resultados desvelam que a atenção psicossocial possibilitada pela assistência em saúde mental aos usuários no SUS é operada por saberes e práticas nos cotidianas dos serviços de saúde, domicílios e no território. A cidadania torna-se o objeto principal das atividades desenvolvidas pelo grupo GAM para emancipação e autonomia dos usuários em seus modos de vida. No processo de gestão autônoma da medicação, o usuário é envolvido em práticas de inclusão, ou seja, discutindo o seu projeto terapêutico no sentido de autonomia de suas atitudes perante o adoecimento mental. A abordagem farmacoterápica é relativizada perante a incisiva interrogação do usuário frente ao seu tratamento. Sendo assim, a autonomia construída pela participação ativa possibilita a reflexão sobre o lugar que o tratamento ocupa na vida dos usuários, questionando as possibilidades terapêuticas e consolidando o poder de escolher de modo corresponsável as práticas assistenciais mais adequadas para o sofrimento vivenciado.