Rede Unida, 10º Congresso Internacional da Rede Unida


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Limites no acesso a saúde integral por pacientes obesas – A experiência em um Centro de Referencia de Obesidade
Erika Cardoso dos Reis Moreira, Ian Rigon Nicolau, Suzete Marcolan

Resumo


Segundo o Ministério da Saúde o câncer do colo do útero é uma doença de crescimento lento e silencioso. A detecção precoce do câncer do colo do útero ou de lesões precursoras é plenamente justificável, pois a cura pode chegar a 100% e, em grande número de vezes, a resolução ocorrerá ainda em nível ambulatorial. De acordo com a OMS, quando o rastreamento apresenta boa cobertura (80%) e é realizado dentro dos padrões de qualidade, modifica efetivamente as taxas de incidência e mortalidade por esse tipo de câncer. O Ministério da Saúde prioriza a faixa etária de 25 a 59 anos de idade para realização do exame citopatológico, no período de uma vez por ano e, após dois exames anuais consecutivos negativos, a cada três anos. O exame preventivo deve ser realizado em todas as mulheres sexualmente ativas. Este exame consiste em uma tecnologia simples, eficaz e de baixo custo para o sistema de saúde, sendo realizado por um profissional de saúde treinado adequadamente. Porém, apesar da simplicidade e benefícios, ainda encontramos um grande número de mulheres que não tem acesso a esse exame, isso se da por diversos motivos, como a falta de conhecimento sobre a importância de realizar o exame Papanicolau, o tipo de acolhimento recebido no sistema de saúde, timidez, dificuldades financeiras, dificuldade de transporte entre outros. Em agosto de 2011 a secretaria municipal de saúde do Rio de Janeiro implementou um Centro de Referencia em Obesidade de Acari (CRO-Acari) articulado a uma equipe de saúde da família, com objetivo de oferecer assistência à saúde integral aos pacientes obesos e neste serviço foi possivel verificar que a obesidade mórbida, também esta relacionada á não realização do exame preventivo. O CRO – Acari é composto por uma equipe multidisciplinar composta por médicos, enfermeiros, nutricionistas, psicólogos e educadores físicos, ou seja, uma equipe consciente da importância da identificação de fatores de risco não se limitam ao tratamento de doenças, mas participam também ativamente das ações de prevenção e detecção. Nesse sentido, os profissionais do CRO-Acari, após analise dos prontuários e do instrumento utilizado na consulta de Enfermagem, onde é investigado quando foi à última coleta do exame citopatológico e qual o resultado do exame, além de outras questões relacionadas à sua vida sexual e reprodutiva (gestações, uso de contraceptivo, ciclo menstrual, sangramento vaginal após relação sexual...), fizeram o levantamento do total de mulheres com obesidade mórbida, que estão sem realizar o exame preventivo há algum tempo ou que nunca o realizaram. O resultado foi alarmante, tenho um percentual de aproximadamente 60% do total das pacientes inseridas naquele serviço. A partir dessa comprovação, foi intensificada na consulta de Enfermagem a abordagem sobre a realização do preventivo e diante de uma negativa, o porquê dessa não realização. Entre os principais motivos relatados percebe-se: falta de estrutura física adequada para esse público (tamanho da maca e o peso suportado e tamanho do especulo); o profissional não conseguir realizar o exame devido ao peso; dificuldade de chegar ao serviço de saúde e insegurança dos pacientes na utilização da maca, podendo esta não suportar. Sendo assim, deve-se pensar estratégias de melhoria do acesso a este tipo de serviço pelas mulheres obesas para que sejam evitadas estas doenças que atinge uma grande parcela da população feminina brasileira. Palavras-Chave: câncer do colo do útero; exame Papanicolau; obesidade.