Rede Unida, 10º Congresso Internacional da Rede Unida


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O Matriciamento em saúde mental: uma estratégia de educação permanente na saúde.
Gisela Giannerini, Luara Fernandes França Lima

Resumo


Com a crescente implementação da Estratégia Saúde da Família no RJ no ano de 2011, foram criados Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASFs) no intuito de fortalecer o trabalho das equipes agregando outros saberes. São equipes multiprofissionais, que contam com psicólogos, nutricionistas, educadores físicos, entre outros, com o papel de contribuir na ampliação das possibilidades de cuidado na ESF. A partir da experiência de trabalho da psicologia nestes Núcleos, afirmamos a importância da composição entre profissionais de saúde mental e as equipes de saúde da família e sua potencialidade na construção de uma nova forma de compreensão dos processos de saúde e adoecimento de modo mais complexo. Situações que envolvem questões de saúde mental frequentemente deixam os profissionais inseguros e os fazem imaginar que somente o saber do especialista pode responder a tal situação. A idéia do NASF é, com os profissionais, construir estratégias conjuntas de cuidado em diálogo com a rede de apoio necessária em cada caso. Referimo-nos à metodologia de trabalho do Matriciamento, que implica a problematização e inventividade. Problematização dos pré-conceitos, medos e fantasias que atravessam o campo da saúde mental, visando despertar o desejo de mais perguntas e menos respostas prontas; e o incentivo a inventividade como norteadora na construção das redes de cuidado no território. Dois casos acompanhados pelo NASF em diferentes áreas do RJ nos fazem perceber a importância de fazer junto, principal estratégia do Matriciamento. O incentivo à autonomia, à construção de vínculo e possibilidades de promoção de saúde, são alguns pontos que tentaremos ilustrar a partir destas histórias. Afirmamos o papel do NASF enquanto estimulador de redes produtoras de vida, pois junto às equipes de ESF, o Núcleo tem como papel fundamental a construção de espaços de acolhimento comunitário, dando visibilidade às construções das equipes, e à inventividade trazida por cada um no acompanhamento territorial. A ousadia da sustentação de um não-saber a priori e da valorização de respostas não-tradicionais, ao contrário das tecnicistas e mecânicas no cuidado em saúde, a nosso ver resgata a essência da ESF enquanto principal transformadora do modelo biomédico tradicional. Buscamos assinalar o papel do NASF enquanto estratégia de educação permanente em ato na saúde, pelo fazer junto, e ao vivo, pelas estratégias de problematização e troca de saberes construídas na cena cotidiana de trabalho.