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O PLANEJAMENTO COMO TECNOLOGIA LEVE: A EXPERIÊNCIA DE CONSTRUÇÃO DO PLANO ESTADUAL DE SAÚDE NO RIO GRANDE DO SUL
Resumo
Caracterização do problema: O plano de saúde é um instrumento que, a partir da análise situacional, apresenta as intenções e resultados a serem buscados pelo gestor público no período de quatro anos, expressos em objetivos, diretrizes e metas. Ele deve apresentar as políticas e os compromissos de saúde, servindo como base para o monitoramento e a avaliação do sistema de saúde. Esse instrumento pode funcionar como estratégia para provocar mudanças nos processos de trabalho das equipes de saúde e desencadear ações de educação permanente num ambiente organizacional complexo, como é o caso de uma Secretaria de Saúde. Descrição da experiência: O setor de planejamento da Secretaria da Saúde do Rio Grande do Sul desencadeou o processo de construção do Plano de Saúde em 2009, tendo como base o conhecimento em planejamento estratégico situacional e estratégico. A partir desses conceitos, desenhou uma metodologia que teve como objetivos: 1) sensibilizar os gestores e gerentes das políticas e ações de saúde coordenadas pela SES para a importância da elaboração do instrumento; 2) integrar o controle social na construção da proposta metodológica e nas discussões; 3) desencadear um processo de educação permanente em planejamento, tendo em vista difundir a cultura de planejamento em saúde.Efeitos alcançados: Durante a construção do instrumento, percebeu-se que setores/departamentos que realizavam algum tipo de interface com outros apresentavam melhores condições de construir políticas de saúde. Assim, as discussões apresentavam maior capacidade analítica sobre a realidade e os textos produzidos refletiam a necessidade de superar modelos fragmentados. Com isso, a equipe do planejamento começou a perceber que o processo de trabalho é uma categoria importante a ser considerada quando da elaboração de instrumentos de gestão, sendo necessário ao planejamento um olhar para essa questão.Recomendações: Ao perceber a importância dos instrumentos de gestão como dispositivo de tecnologias leves, abandona-se o caráter instrumental do planejamento, inaugurando uma nova maneira deste saber se colocar no cenário de uma organização de saúde. O Plano de Saúde deve ser construído pela equipe da Secretaria, pois consiste em importante mecanismo para provocar processos de trabalho mais integrados, visto que induz análises/discussões coletivas. Além disso, pode constituir-se como importante analisador das relações estabelecidas entre os trabalhadores e fornecer subsídios para o setor de planejamento operar no nível das tecnologias leves de gestão, orquestrando diferentes interesses/saberes/poderes. Por fim, integrar o controle social na elaboração da estratégia metodológica e nas discussões com os diferentes atores envolvidos no processo consiste em potente estratégia para estimular a cultura da educação permanente em saúde, bem como tornar o processo de construção dos instrumentos de gestão participativos.