Rede Unida, 10º Congresso Internacional da Rede Unida


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Para além da Vigilância em Saúde em Situações de Calamidade Pública: relato de experiência sobre questões limitadoras do planejamento em saúde
Monique Bartole, Walmir Rodrigues, Monique Rocha, Poliana Jorge

Resumo


Após o desastre ocorrido em Teresópolis em Janeiro de 2011, alguns abrigos foram montados para que as vítimas das chuvas pudessem ser acolhidas até que fosse encontrada alguma solução para a questão habitacional que se apresentou na cidade. Esse é um relato de experiência acerca do desenvolvimento de um estudo do Programa de Iniciação Científica, Pesquisa e Extensão do Centro Universitário Serra dos Órgãos e que foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa. Inicialmente, foi proposta uma reflexão sobre as condições da saúde bucal de indivíduos moradores desses abrigos em decorrência da tempestade que ocorrera no município e com isso apresentar propostas sobre mecanismos e condutas diante de episódios semelhantes a esse sob a ótica da vigilância em saúde. Contudo, durante a execução do trabalho em que os abrigos funcionaram, diversos fatos de ordem política afetaram, direta ou indiretamente, a população e, por conseguinte, a execução das atividades do projeto. As constantes mudanças de secretariados durante a trajetória de três prefeitos em relativo curto período de tempo, tanto a secretaria de saúde quanto a de desenvolvimento social, as quais colaboraram com o estudo, tiveram seus comandos alterados algumas vezes, configurando um ambiente de incertezas à gestão municipal e, por conseguinte, às decisões em torno da população diretamete afetada e à execução do projeto. Ficou em evidência nesse estudo o não planejamento antecedente e ulterior ao desastre no município de Teresópolis que se agravou com as inconstâncias políticas, refletindo na organização assistencial, social e na área da saúde. Sob esse aspecto, no que tange esse estudo, pôde ser percebido que a condução de políticas de saúde, diante de uma tragédia como essa, continua a ocupar um lugar coadjuvante diante das necessidades impostas, as quais podem ser reveladas ou postergadas para outro momento, conforme o desejo e o direcionamento da gestão. Assim, um debate sobre a necessidade e execução de um planejamento situacional acerca da saúde integrada ao processo de vigilância em saúde é de extrema importância diante de comunidades que sofreram e podem vir a sofrer catástrofes como a ocorrida, pois averiguar situações como essa é fundamental para a organização de instâncias governamentais para realização de planejamento de ações para a população, de modo a prevenir e/ou minimizar possíveis desastres.