Rede Unida, 10º Congresso Internacional da Rede Unida


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GESTAÇÃO NA RUA: A EXPERIÊNCIA DA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA POPULAÇÃO DE RUA DO RIO DE JANEIRO
Giselle de Fátima Gonçalves, Sebastião Carlos Silva da Conceição, Laila Louzada, Elberth Henrique Miranda Teixeira

Resumo


CARACTERIZAÇÃO DO PROBLEMA De acordo com o Ministério da Saúde a atenção pré-natal e puerperal, de qualidade e humanizada, é fundamental para a saúde materna e neonatal. Isto se dá por meio da incorporação de condutas acolhedoras, fácil acesso a serviços de saúde de qualidade, com ações que integrem todos os níveis da atenção: promoção, prevenção e assistência à saúde da gestante e do recém-nascido, desde o atendimento ambulatorial básico ao atendimento hospitalar para alto risco (BRASIL, 2005). No contexto da população em situação de rua cabe salientar que a presença do acompanhamento da gestação é uma preocupação ainda maior, uma vez que as situações, na sua grande maioria mostram-se complexas, principalmente devido às condições de miséria, a forte presença do uso de álcool e outras drogas e ainda associação de agravos como os transtornos mentais e HIV. DESCRIÇÃO DA EXPERIÊNCIA Esta reflexão aborda a importância do pré-natal realizado pela Estratégia Saúde da Família para População em situação de Rua do Rio de Janeiro com gestantes que vivem nas ruas do centro da cidade, bem como, destacar o desempenho dessa equipe na criação de vínculo e adesão no acompanhamento das consultas de pré-natal, minimizando os riscos de mortalidade materna e neonatal. O estudo realizado é uma abordagem quantitativa no que se refere à população e a amostragem. Realizou-se estudo com amostra de 28 gestantes que iniciaram o pré-natal neste serviço entre os meses de outubro de 2010 a fevereiro de 2012. Atentou-se, portanto, para o que preconiza na Resolução nº 196/96 do Conselho Nacional de Saúde – Ministério da Saúde, que regulamenta a pesquisa envolvendo seres humanos, sendo respeitados os aspectos éticos e legais, onde foram incorporados os principais princípios éticos: a beneficência, o respeito à dignidade humana (autonomia), a justiça e equidade. EFEITOS ALCANÇADOS Entre as gestantes, com idades entre 14 e 41 anos, tendo a grande maioria iniciado o acompanhamento de pré-natal depois do terceiro trimestre. No que se refere ao número estimado de consultas de pré-natal, 100% tiveram mais que 06 consultas, haja vista que, em razão da acolhida, segurança, e repouso, essas gestantes procuram a unidade de saúde várias vezes durante a semana. Entre o total de 28 gestantes 01 (3,5%) era sua primeira gestação; 03 (10,7%) iniciaram o pré-natal antes do terceiro trimestre; 01 (3,5%) gestação de gemelar; 04 (14,3%) já haviam tido aborto espontâneo anteriormente; 16 (57,1%) relatam uso de drogas; 04 (14,3%) participavam das consultas de pré-natal acompanhadas pelos seus cônjuges; 01 (3,5%) era HIV positivo; 07 (25,0%) trataram sífilis durante a gestação; 01 (3,5%) gestante teve pré-eclâmpsia durante a gestação; 02 (7,14%) gestantes tiveram depressão pós parto; 01 (3,5%) teve complicações após o parto vindo a óbito alguns dias depois. Do total de nascidos vivos, 01 (3,5%) veio a óbito. RECOMENDAÇÕES O presente trabalho permitiu contextualizar a experiência exitosa da Estratégia Saúde da Família para População de Rua do Rio de Janeiro na ampliação do acesso das gestantes moradoras de rua aos cuidados médicos, psicológicos, nutricionais e sociais durante as consultas de pré-natal. O pré-natal funciona como um orientador de assuntos diversos como a higiene, vestuário, consumo de drogas ilícitas e lícitas, sexualidade e cidadania durante o período gestacional. Sendo assim, este monitoramento se torna um verdadeiro guia que abrange vários aspectos biológicos e sociais, fazendo grande diferença na vida de cada uma gestante acompanhada pela Estratégia Saúde da Família para População de Rua, sendo assim, de grande relevância para o cumprimento da igualdade preconizada nas políticas públicas do país. Convém ainda ressaltar que melhorar a assistência à saúde depende também da atenção que cada profissional dedica à sua paciente durante as consultas (BRASIL, 2000), pois para o acompanhamento gestacional é preciso que haja vínculo entre paciente-profissional e para isso é necessário que a gestante confie e se sinta valorizada e respeitada pela equipe, observando a importância que se dá ao seu caso e o desempenho dos profissionais.. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS: BRASIL, Ministério da Saúde. Pré-natal e puerpério atenção qualificada e humanizada. 2005. Disponível em: http: //dtr2001.saude.gov.br/editora/produtos/livros/pdf/05_0151_m.pdf BRASIL, Ministério da Saúde. Assistência Pré-Natal Manual Técnico. 2000. Disponível em: http: //bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/cd04_11.pdf Brasil, Conselho Nacional de Saúde - RESOLUÇÃO Nº 196 DE 10 DE OUTUBRO DE 1996. Aprova as diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos.1996. Desponível em: http: //conselho.saude.gov.br/resolucoes/reso_96.htm