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GESTAÇÃO NA RUA: A EXPERIÊNCIA DA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA POPULAÇÃO DE RUA DO RIO DE JANEIRO
Resumo
CARACTERIZAÇÃO DO PROBLEMA De acordo com o Ministério da Saúde a atenção pré-natal e puerperal, de qualidade e humanizada, é fundamental para a saúde materna e neonatal. Isto se dá por meio da incorporação de condutas acolhedoras, fácil acesso a serviços de saúde de qualidade, com ações que integrem todos os níveis da atenção: promoção, prevenção e assistência à saúde da gestante e do recém-nascido, desde o atendimento ambulatorial básico ao atendimento hospitalar para alto risco (BRASIL, 2005). No contexto da população em situação de rua cabe salientar que a presença do acompanhamento da gestação é uma preocupação ainda maior, uma vez que as situações, na sua grande maioria mostram-se complexas, principalmente devido às condições de miséria, a forte presença do uso de álcool e outras drogas e ainda associação de agravos como os transtornos mentais e HIV. DESCRIÇÃO DA EXPERIÊNCIA Esta reflexão aborda a importância do pré-natal realizado pela Estratégia Saúde da Família para População em situação de Rua do Rio de Janeiro com gestantes que vivem nas ruas do centro da cidade, bem como, destacar o desempenho dessa equipe na criação de vínculo e adesão no acompanhamento das consultas de pré-natal, minimizando os riscos de mortalidade materna e neonatal. O estudo realizado é uma abordagem quantitativa no que se refere à população e a amostragem. Realizou-se estudo com amostra de 28 gestantes que iniciaram o pré-natal neste serviço entre os meses de outubro de 2010 a fevereiro de 2012. Atentou-se, portanto, para o que preconiza na Resolução nº 196/96 do Conselho Nacional de Saúde – Ministério da Saúde, que regulamenta a pesquisa envolvendo seres humanos, sendo respeitados os aspectos éticos e legais, onde foram incorporados os principais princípios éticos: a beneficência, o respeito à dignidade humana (autonomia), a justiça e equidade. EFEITOS ALCANÇADOS Entre as gestantes, com idades entre 14 e 41 anos, tendo a grande maioria iniciado o acompanhamento de pré-natal depois do terceiro trimestre. No que se refere ao número estimado de consultas de pré-natal, 100% tiveram mais que 06 consultas, haja vista que, em razão da acolhida, segurança, e repouso, essas gestantes procuram a unidade de saúde várias vezes durante a semana. Entre o total de 28 gestantes 01 (3,5%) era sua primeira gestação; 03 (10,7%) iniciaram o pré-natal antes do terceiro trimestre; 01 (3,5%) gestação de gemelar; 04 (14,3%) já haviam tido aborto espontâneo anteriormente; 16 (57,1%) relatam uso de drogas; 04 (14,3%) participavam das consultas de pré-natal acompanhadas pelos seus cônjuges; 01 (3,5%) era HIV positivo; 07 (25,0%) trataram sífilis durante a gestação; 01 (3,5%) gestante teve pré-eclâmpsia durante a gestação; 02 (7,14%) gestantes tiveram depressão pós parto; 01 (3,5%) teve complicações após o parto vindo a óbito alguns dias depois. Do total de nascidos vivos, 01 (3,5%) veio a óbito. RECOMENDAÇÕES O presente trabalho permitiu contextualizar a experiência exitosa da Estratégia Saúde da Família para População de Rua do Rio de Janeiro na ampliação do acesso das gestantes moradoras de rua aos cuidados médicos, psicológicos, nutricionais e sociais durante as consultas de pré-natal. O pré-natal funciona como um orientador de assuntos diversos como a higiene, vestuário, consumo de drogas ilícitas e lícitas, sexualidade e cidadania durante o período gestacional. Sendo assim, este monitoramento se torna um verdadeiro guia que abrange vários aspectos biológicos e sociais, fazendo grande diferença na vida de cada uma gestante acompanhada pela Estratégia Saúde da Família para População de Rua, sendo assim, de grande relevância para o cumprimento da igualdade preconizada nas políticas públicas do país. Convém ainda ressaltar que melhorar a assistência à saúde depende também da atenção que cada profissional dedica à sua paciente durante as consultas (BRASIL, 2000), pois para o acompanhamento gestacional é preciso que haja vínculo entre paciente-profissional e para isso é necessário que a gestante confie e se sinta valorizada e respeitada pela equipe, observando a importância que se dá ao seu caso e o desempenho dos profissionais.. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS: BRASIL, Ministério da Saúde. Pré-natal e puerpério atenção qualificada e humanizada. 2005. Disponível em: http: //dtr2001.saude.gov.br/editora/produtos/livros/pdf/05_0151_m.pdf BRASIL, Ministério da Saúde. Assistência Pré-Natal Manual Técnico. 2000. Disponível em: http: //bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/cd04_11.pdf Brasil, Conselho Nacional de Saúde - RESOLUÇÃO Nº 196 DE 10 DE OUTUBRO DE 1996. Aprova as diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos.1996. Desponível em: http: //conselho.saude.gov.br/resolucoes/reso_96.htm