Rede Unida, 10º Congresso Internacional da Rede Unida


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O matriciamento em Saúde Mental na Estratégia de Saúde da Família: Relato de experiência do CMS IRACI LOPES frente às situações violência de.
Jeruza Almeida Silva, Cristina Antunes Mota, Marcello Queiroz

Resumo


O Matriciamento é um método de trabalho cujo objetivo é viabilizar a interconexão entre os serviços primário, secundário e terciário em saúde, além de poder ter alcance intersetorial, visando um acolhimento integral ao cidadão, que envolve não só sua saúde física, mas também a psíquica e social. O trabalho de matriciamento em saúde mental teve início na unidade Iraci Lopes em 2009 com uma profissional de psicologia junto às equipes do CMS e consiste em realizar ações de supervisão, discussão de casos, consulta conjunta e atendimento individual. O matriciamento de saúde mental na Estratégia de Saúde da Família (ESF) entra como dispositivo de intervenção junto à atenção básica para oferecer suporte técnico às equipes na condução integral, intersetorial e interdisciplinar dos casos identificados no território. Um dos primeiros resultados do matriciamento de saúde mental na ESF em Vigário Geral foi a mudança de olhar sobre as demandas dos pacientes que chegavam com queixas físicas, tais como cefaléia, hipertensão, gastrite, entre outros. A partir das discussões dos casos e da qualificação da escuta por parte das equipes, foi possível identificar que algumas destas queixas refletiam quadros de sofrimento psíquico. Em 2010, a partir de um projeto de parceria da SMSDC- Rio de Janeiro e o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), a ESF de Vigário Geral passou a identificar que uma parte considerável das demandas de suporte de saúde mental estavam relacionadas ao contexto de violência armada na comunidade. Desde 2010, as equipes do PSF (1 médico, 2 enfermeiros e 11 ACS) realizaram atividades de capacitação para a identificação e abordagem das pessoas afetadas pela violência que necessitam de suporte de saúde mental. Neste período foram atendidos 50 casos, sendo 40% identificados pelos enfermeiros das duas equipes, 18% pelos médicos e 18% pelos agentes comunitários de saúde (ACS). Do total de casos, verificou-se que 25% das pessoas atendidas tiveram algum membro da família assassinado. No que se refere aos quadros clínicos, 80% dos casos apresentavam sintomas de ansiedade e depressão em variados níveis de gravidade. Durante os atendimentos, individuais ou em grupo, verificou-se uma boa resposta dos pacientes. Como recomendação, observou-se a necessidade da criação de outras estratégias de promoção à saúde e o suporte em saúde mental para as equipes, como o foco especial para os ACS.