Rede Unida, 10º Congresso Internacional da Rede Unida


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O PAPEL DO MÉDICO DE SAÚDE DA FAMÍLIA NA PREVENÇÃO DO CÂNCER DE COLO UTERINO: VENCENDO AS BARREIRAS.
Maira Saragiotto Amadeu, Fernanda Benati Dahdal, Sonia Regina Pereira de Souza

Resumo


INTRODUÇÃO: O Câncer de Colo Uterino constitui um grave problema de saúde pública que atinge as mulheres em todo o mundo, sendo os países em desenvolvimento responsáveis por cerca de 80% desses casos. No Estado de São Paulo, os estudos de mortalidade indicam que o câncer de colo uterino, ocupa lugar de destaque como causa de óbito. Sabe-se que o método mais eficaz para o rastreamento dessa doença é o exame de Papanicolaou. No entanto apenas 15% da população feminina acima de 20 anos faz regularmente este exame. Estudos populacionais qualitativos e quantitativos conduzidos em mulheres de baixa renda apontam como fatores determinantes para a não adesão aos exames de citologia oncótica aqueles relacionados à percepção da mulher quanto ao exame e as influências externas determinadas pelo ambiente sociocultural local. Dentre os fatores, destacam-se medo, vergonha, dor, experiência prévia negativa, ausência de queixas ginecológicas e desconhecimento do real objetivo do exame. Os fatores externos com maior influência sobre a adesão incluem a alta rotatividade dos profissionais da saúde, gênero de quem realiza a coleta, extensa fila de espera para realização do exame, precariedade do serviço e dificuldade de acesso às unidades municipais de saúde e a proibição da alguns maridos.OBJETIVO: Identificar os fatores com maior impacto sobre a não-adesão aos exames de rastreamento de câncer de colo uterino, na área da USF São Rafael, Guarulhos, São Paulo, Brasil.MÉTODOS: A população estudada corresponde às mulheres residentes área da ESF 51 da USF. Para o estudo piloto foi escolhida a microárea mais afastada da USF e com as famílias de mais baixa renda. Para entrevista utilizou-se questionário estruturado contendo perguntas sobre: o informante do exame, preferência de profissional, percepção quanto ao exame e características sociodemográficas. Na análise dos dados utilizou-se o programa Epi Info 2000.RESULTADOS: No período de condução do inquérito foram entrevistadas todas as mulheres da microárea 06 da ESF (70 entrevistas). Nesta população 70% tinham idade entre 14 e 49 anos, escolaridade até o ensino fundamental e renda per capita até 100 reais. Das mulheres entrevistadas 74% relataram vergonha ao fazer o exame, 42% desconforto, 16% insegurança, 13% dor e 10% medo. O médico de família aparece como principal fonte de informação sobre o exame e como o preferido para fazê-lo. As mulheres com percepção mais positiva eram as que tinham melhor vínculo com a USF e residiam há mais tempo na comunidade.PROPOSTA DE INTERVENÇÃO: Trabalhar o acolhimento dessas mulheres nas unidades básicas de saúde pode ser um bom começo para melhorar os resultados apresentados. A organização de grupos de orientação sobre saúde da mulher, especialmente, o exame de Papanicolau, poderá esclarecer conceitos errados sobre o procedimento e a importância em realizá-lo periodicamente. Melhorar a capacitação dos profissionais de saúde, sobre tudo doa agentes comunitários de saúde, para melhor orientarem a população quanto a importância do exame.CONCLUSÃO: Estes dados sugerem que apesar da atuação da ESF não há mudança na percepção das mulheres quanto ao exame. Isso poderia ser explicado pela dificuldade de fixação de medico na USF e pela distância. Em virtude desses dois fatores a comunidade tem frequentado UBS sem ESF, evidenciando o contraponto entre modelo médico centrado e pessoa centrada. O médico de família tem um papel importante na construção do vinculo UBS e a comunidade e na efetivação dos programas voltados para a saúde da mulher.