Rede Unida, 10º Congresso Internacional da Rede Unida


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Paralelos entre a saúde pública no Brasil e em Cuba por meio de experiências na residência multiprofissional em saúde.
Angélica Bonaldi, Camila Alves Soares, Juliana Acosta Santorum, Maíra Heise, Paula Puertas Beltrame

Resumo


A partir 2005, com a lei no11.129, as residências multiprofissionais em saúde tornam-se formalmente política indutora de formação como pós-graduação latu senso, devendo ser orientadas pelos princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde/SUS, se destacando como estratégia de transformação na formação e nas práticas no SUS. Os programas de residências têm duração de 24 meses e podem prever um período de estágio eletivo, que é uma possibilidade do residente conhecer outras realidades, contribuindo para qualificação de sua formação e para formulação de um olhar ampliado e crítico[1] sobre o sistema de saúde. O objetivo deste trabalho é socializar experiências de um grupo de residentes de diferentes regiões do Brasil que realizaram o estágio eletivo na Escola de Saúde Pública de Cuba, em um curso de atenção primária à saúde (APS) e medicina familiar. Identificamos que o sistema de saúde de ambos os países tem fundamentação semelhante, no entanto, pode-se observar que no Brasil a APS classifica-se como um nível de organização da atenção e em Cuba é a única estratégia sanitária de orientação do sistema, além de ser totalmente integrada a formação de futuros profissionais na saúde. Assim, a estruturação dos serviços se manifesta de diferentes maneiras: percebe-se que em Cuba as tecnologias leve, leve-dura e dura estão disponíveis em todos os níveis de atenção, enquanto no SUS as tecnologias duras estão concentradas no nível terciário; no Brasil o desenvolvimento do trabalho em equipe é fundamentado na perspectiva da interdiciplinaridade, enquanto em Cuba as intervenções se pautam em decisões medico centradas. Desta forma, a compreensão mais ampla da realidade da atenção e ao direito à saúde foi possível não só pelos paralelos entre Brasil e Cuba, como também através das trocas entre as próprias residentes que compartilharam experiências nas distintas regiões do Brasil. Por fim, consideramos que os estágios eletivos se configuram como experiências que qualificam o processo de formação em serviço, podendo contribuir com o coletivo das residências a partir da socialização de vivências e intercâmbio de métodos e tecnologias experimentadas em outros lugares. Destacamos ainda, o potencial das residências multiprofissionais para qualificação da força de trabalho para o SUS. [1] "exame de um princípio ou ideia, fato ou percepção, para produzir uma apreciação lógica, epistemológica, estética ou moral sobre o objeto da investigação". Dicionário Houaiss.