Rede Unida, 10º Congresso Internacional da Rede Unida


Tamanho da fonte: 
Práticas educativas e o serviço de aconselhamento pré e pós testagem sorológica Anti-HIV em uma Unidade Básica de Saúde em Belém, Pará
Milene Xavier Veloso, Isabel Rosa Cabral, Michele Bispo Malcher

Resumo


O Sistema Único de Saúde (SUS) vem afirmando a sua política de prevenção e promoção da saúde através dos vários programas direcionados à saúde pública. Nesse contexto, a educação em saúde é considerada uma estratégia básica que pode ser utilizada tanto em espaços coletivos como em visitas domiciliares. O presente trabalho relata uma das atividades de uma equipe multiprofissional atuando na sensibilização de usuários do SUS para testagem sorológica anti-HIV e descreve o perfil dessa clientela. A equipe realizava atividades educativas, com ênfase na prevenção de DST/AIDS, em uma Unidade Básica de Saúde do município de Belém/PA identificando os usuários interessados em participar. As ações eram desenvolvidas por uma equipe multiprofissional do Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde (PET Saúde), desenvolvido como parceria entre a Universidade Federal do Pará e a Secretaria de Saúde do Município, composta pela psicóloga, a assistente social, os alunos dos cursos de biomedicina, medicina, psicologia e as tutoras do PET. Foram analisados os resultados desta experiência a partir dos 183 usuários que realizaram aconselhamentos pré e pós testagem no período entre abril de 2009 e março de 2010, sendo 18 participantes do sexo masculino (10%) e 165 do sexo feminino (90%). Cerca de 70% dos participantes pertenciam à faixa etária de 20 a 45 anos, 45% eram casados e 40% solteiros. No que tange à escolaridade, 34% relataram ter 8 a 11 anos de estudo e 24,6%, tinham 12 ou mais anos de estudo. Quanto à origem dos participantes, identificou-se que 91% destes foi abordada pela equipe de saúde, o que confirma a eficiência da estratégia educativa realizada em sala de espera. No que se refere à exposição a situações de risco/ vulnerabilidade e ocorrência de agravos em saúde, identificou-se que 27 indivíduos ou 14,8% dos usuários relatou ter tido alguma DST nos últimos 12 meses. Dentre estes, verificou-se que 13 usuários descreveram ter realizado tratamento no serviço de saúde, o que sugere a fragilidade do serviço de saúde em conduzir os portadores de DST para a realização de tratamento especializado, contribuindo para a manutenção do ciclo de transmissão destes agravos e a vulnerabilidade para a infecção pelo HIV. Dentre os 183 participantes, 30 relataram uso de drogas, isto é, 16,4%, sendo que destes apenas 1 afirmou ter compartilhado seringa. Os resultados apontam indicadores de vulnerabilidade da população entrevistada com relação à infecção por HIV, no entanto a intervenção da equipe parece ter refletido sobre o repertório de autocuidado da clientela, particularmente o público feminino, com idades entre 36 e 45 anos. A análise desta experiência sugere que a participação de outros integrantes na equipe, em especial os alunos do PET-Saúde possibilitou a ampliação dos serviços oferecidos tanto do ponto de vista quantitativo quanto qualitativo, assim como favoreceu a articulação entre a academia e os serviços de saúde.