Rede Unida, 10º Congresso Internacional da Rede Unida


Tamanho da fonte: 
Projeto “Cuidar de quem Cuida”
Angelica Vilarim Silva, Luciana Esteves Freitas, Nuria Silva Sales

Resumo


O Núcleo de Apoio à Saúde da Família – NASF, que atua no Centro Municipal de Saúde Padre Miguel, no Rio de Janeiro, com as equipes de Saúde da Família de Vila Vintém, composto inicialmente por duas fisioterapeutas e uma psicóloga, observou sinais de sofrimento psíquico nos Agentes Comunitários de Saúde – ACS, deste território. Profissionais desmotivados, com baixa autoestima, ansiosos, irritados, desconfiados, demonstrando medo e realizando uso indiscriminado de psicotrópicos. A partir da discussão em equipe sobre a problemática identificada, criou-se o projeto “Cuidar de Quem Cuida” que está em andamento, com duração inicial de três meses. O objetivo é a promoção de qualidade de vida, através de atividades em grupo que visam à integração entre os ACS e a redução dos agravos consequentes à exposição crônica à violência. O primeiro desafio foi escolher um local apropriado para o trabalho. A articulação interinstitucional entre o NASF e Vila Olímpica de Padre Miguel possibilitou o uso de uma sala com colchonetes, som e ventilação. Nos primeiros minutos da atividade, as fisioterapeutas realizam uma massagem em todos os ACS com o uso de objeto de acrílico; em um segundo momento, com uma música calmante, as fisioterapeutas e a psicóloga se revezam na condução do relaxamento, a cada mês de grupo uma das profissionais utiliza uma técnica diferenciada; em seguida as fisioterapeutas realizam exercícios respiratórios e alongamento. A última atividade é coordenada pela psicóloga, que inicia uma dinâmica, com posterior discussão da atividade realizada pelo grupo. Esse espaço não se configura como psicoterapia, mas em momentos de trocas e de construções mútuas que auxiliam nas situações complexas vividas no cotidiano. O Projeto está em andamento em seu terceiro mês. Espera-se com este trabalho o aumento da resiliência dos membros da equipe; maior respeito entre os profissionais; apropriação de um espaço de cuidados para si; fortalecimento do vínculo por meio da escuta; que tenham instrumentos para lidar com situações de stress; que tenham melhor qualidade de vida; que possuam melhores condições para cuidar do usuário. Após um mês de atividades, já foi possível identificar uma parceria mais estreita entre os ACS que estão participando do grupo desde o início. Dentre as recomendações, é necessário criar espaços interdisciplinares e intersetoriais para melhorar a qualidade de vida dos ACS, principalmente os que residem em comunidades de grande vulnerabilidade social.