Rede Unida, 10º Congresso Internacional da Rede Unida


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'Acompanhando e Cuidando': Novas Metodologias de Intervenção Coletiva e Processos de Educação para a Saúde
João Cristofaro, Ana Paula Queiroz, Mariana Martins Guerreiro, Salette Ferreira Barros, Maria Paula Cerqueira Gomes, Camila Dantas, Claudia Tallemberg, José Lima Campos, Flávia Fasciotti, Cíntia Quintanilha

Resumo


A Reforma Psiquiátrica trouxe consigo vários serviços e projetos que se direcionam para a promoção, prevenção e recuperação da saúde das pessoas que necessitam de cuidado em função de transtornos mentais graves. Dentre os dispositivos existentes na rede de cuidados, como os CAPS e SRT’s, podemos citar o Acompanhamento Terapêutico (AT) como uma estratégia importante no cotidiano das enfermarias psiquiátricas, território que apresenta dificuldades em dialogar com os princípios da Reforma. A estratégia clínica do AT apresenta-se como um dispositivo eficaz no processo de desinstitucionalização. Esta intervenção clínica se dá junto à experiência cotidiana do paciente, sustentada nas redes de relações psicossociais, sendo um recurso utilizado para o cuidado de pessoas cuja subjetividade e possibilidades de circulação social encontram-se comprometidas. Entretanto, a formação de novos trabalhadores não acompanha as mudanças na rede com a mesma velocidade, observando-se ainda na academia um ensino distante desta nova realidade, pautado por uma clínica com fortes bases e orientações especialistas e biologicistas, alheio às discussões que permeiam essa nova prática assistencial.O presente trabalho visa demonstrar o impacto positivo do AT na vida dos usuários e dos extensionistas, o cotidiano de nossa clínica, assim como os percalços encontrados na inserção e visibilidade do trabalho do acompanhante terapêutico – at no território da enfermaria e sua articulação com os demais profissionais. Coloca-se aqui em análise o papel do AT na promoção do bem-estar do paciente, assim como a produção de conhecimentos à luz das novas metodologias de intervenção assistencial, a partir da inserção extensionista de estudantes de medicina e psicologia na construção do cuidado a pacientes do Instituto de Psiquiatria da UFRJ.Serão utilizados fragmentos dos casos acompanhados, relacionando as questões daí emergentes ao campo teórico e de formação concernente aos temas, buscando problematizar nossa prática no cotidiano de inserção do espaço da enfermaria, relacionando estas mesmas dificuldades com o processo formativo dos trabalhadores da área de saúde mental.Acredita-se que o AT vem favorecendo, para estes pacientes, o estabelecimento de novas e diversificadas redes de relações com o mundo, com o outro, e com novos dispositivos de cuidado, ampliando suas possibilidades para além das determinações institucionais do local onde se encontram internados, promovendo assim maior autonomia. Dessa forma, os estagiários têm a possibilidade de desenvolver novas tecnologias tanto no núcleo profissional quanto no campo interdisciplinar, comum a todos, ampliando sua dimensão cuidadora a partir de um olhar compromissado com a defesa do SUS e da saúde pública.O estágio de extensão vem possibilitando a ampliação do diálogo da academia com a rede de serviços, produzindo novos conhecimentos e diferentes formas de produção de cuidado permitindo o desenvolvimento de novas estratégias e metodologias de intervenção e de formação nas graduações em saúde/saúde mental.