Rede Unida, 10º Congresso Internacional da Rede Unida


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A BULA SOB A ÓTICA POPULACIONAL PROCOPENSE
Mychele da Silva Francisco, Mariana Oliveira, Giovany Martins, Paula Siqueira, Juliano Fernando Vaz, Alide Marina Biehl Ferraes, Pedro Raimundo Pinto, Heloísa Andrade, Elaine Teodoro, Beatriz Correia Junior, Luana Costa, Vanessa Silva, Fernanda Aline de Andrade

Resumo


A utilização de medicamentos para fins nem sempre terapêuticos é prática crescente, com difusão maciça em sistemas de saúde mal estruturados, que relacionam desde funcionários despreparados ao atendimento público até o déficit no complexo medicamentoso. Este cenário propulsiona a busca por caminhos alternativos, mas ambíguos, por parte dos leigos. Na ânsia pela cura podem estimular complicações futuras advindas da automedicação, do não cumprimento das orientações médicas, da incorporação indevida da indicação medicamentosa a terceiros e da falta de conhecimento do potencial danoso de um fármaco, por não ler a bula, por exemplo. Focado nestas diretrizes e na máxima de que o medicamento não age só pelo principio ativo, mas por uma série de fatores ligados a informação, este trabalho tem por objetivo delinear o comportamento e as percepções da população em relação à bula de medicamentos, trançando perfis aos entrevistados. Realizou-se pesquisa de campo no município de Cornélio Procópio - PR, em setembro de 2011, utilizando-se como instrumento, um questionário semi-estruturado e anônimo, aplicado a 231 pessoas, das quais 52% eram do sexo feminino e 48% do sexo masculino. Prevaleceu a faixa etária acima de 30 anos e a escolaridade com 12 ou mais anos de estudo. Apenas 50,7%, de ambos os sexos, possui o hábito de ler a bula antes de ingerir a medicação, mesmo que com algumas dificuldades, enquanto 49,3% não lêem e demonstram justificativas para o fato. Dentre os que não lêem prevaleceram as justificativas “texto muito extenso” (25,4%), “letra muito pequena” (20,2%), e “não entende a linguagem utilizada” (17,6%). O balanceamento das opiniões analisadas mostra que, mesmo que a bula represente no Brasil o principal material informativo fornecido aos pacientes na aquisição de medicamentos, boa parcela não considera importante sua leitura, achando-a desnecessária para a ingestão do medicamento. Apesar do equilíbrio entre as opiniões, ao detalhar estrategicamente os dados obtidos constatou-se a bula como um grande vilão das terapias, mas indispensável como fonte de informação no tratamento, prevenção e cura de diversas enfermidades. A partir destes resultados, acredita-se que a adaptação de vocabulário à terminologia mais simples, além do encurtamento e coerência de parágrafos, permita uma leitura agradável e vantajosa a todo complexo sanitário. Para tanto, reformulações na legislação e na apresentação das bulas se fazem necessárias.