Rede Unida, 10º Congresso Internacional da Rede Unida


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A crescente escolarização do Agente Comunitário de Saúde: uma indução do processo de trabalho?
Roberta Rodrigues de Alencar Mota, Helena Maria Scherlowski Leal David

Resumo


Introdução: O Agente Comunitário de Saúde (ACS) é um dos profissionais que compõem as equipes da Estratégia Saúde da Família (ESF) e sua atuação é considerada fundamental para a implantação e consolidação dessa estratégia. Desde as primeiras experiências locais com ACS em fins dos anos 1970, apoiadas por iniciativas ligadas às pastorais da Igreja Católica, passando pela inclusão desse trabalhador em ações programáticas de governos estaduais e municipais, até chegar ao atual processo de mobilização pela profissionalização, o perfil sociodemográfico do ACS vem apresentando mudanças. Objetivos: apresentar e discutir o perfil de escolaridade e capacitação para o trabalho de ACS do município do Rio de Janeiro que atuam na Área Programática (AP) 5.2, articulando trabalho e educação e entendendo o trabalho como um princípio emancipatório. Método: estudo formulado com base na ideia de triangulação metodológica, a partir da formulação original de Denzin. Os dados foram obtidos a partir de um questionário autoaplicável individual, distribuído entre todas as equipes de ESF da AP 5.2. As variáveis indagadas foram: idade, sexo, tempo de atuação como ACS, escolaridade ao início do trabalho como ACS, escolaridade atual e especificação do curso, caso estivesse estudando no momento. Do universo de 316 ACS à época, foram respondidos 301 questionários. Resultados: houve ampliação em todas as faixas de escolaridade e parece haver um desejo de continuar na área da saúde, que ainda é uma área de boa empregabilidade. 26% dos ACS continuam estudando ou voltaram a estudar após iniciar o trabalho de ACS. 46% ingressaram no ensino superior, 17% no ensino médio e 24% no ensino técnico. Ao ingressar na equipe de ESF, o ACS tem acesso a um saber técnico-científico, através de treinamentos e da convivência com outros profissionais da equipe. Essa nova experiência de trabalho, de informações, pode contribuir para que os ACS busquem alternativas de profissionalização. Conclusão: houve uma mudança significativa no perfil de escolaridade, concluindo-se que o ACS busca alternativas de escolarização e formação profissional. Defendemos que o incentivo à profissionalização do ACS, instrumentalizando-o tecnicamente para o trabalho, poderá promover uma alteração positiva do perfil desse trabalhador, através da elevação da escolaridade. Permanecer como ACS, ou garantir que algumas pessoas permaneçam e cumpram com a proposta da ESF depende principalmente do reconhecimento técnico desse trabalhador.