Rede Unida, 10º Congresso Internacional da Rede Unida


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A CONSTRUÇÃO COLETIVA DO PROJETO TERAPÊUTICO DO CAPS DE URUGUAIANA/RS: possibilidades e desafios
Danielle dos Santos Scholz, Ariane Nunes Bender, Maria de Lourdes Custódio Duarte, Odete Messa Torres

Resumo


Caracterização do problema: O Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) é um dos dispositivos integrante da rede de saúde mental que atua como referência para o tratamento de usuários portadores de sofrimento psíquico severo e crônico que necessitem de cuidado continuado, personalizado e promotor de vida. O objetivo do CAPS é oferecer atendimento à população de sua área de abrangência, proporcionando acompanhamento clínico e a reinserção social dos usuários por meio do acesso ao trabalho, lazer, exercício dos direitos civis e fortalecimento dos laços familiares e comunitários. Sua atuação na rede prevê um atendimento substitutivo às internações em hospitais psiquiátricos (1). O Projeto Terapêutico (PT) do CAPS representa a existência de uma filosofia que norteia e permeia todo o trabalho institucional, sendo constituído por um conjunto de objetivos e ações estabelecidos e executados pela equipe multiprofissional, voltados para a recuperação do usuário, desde a admissão até a alta, contemplando o desenvolvimento de programas específicos e interdis­ciplinares adequados às características locais. Este atua como uma ferramenta essencial para o desenvolvimento do cuidado aos usuários, pois serve de eixo de referência para guiar as ações da equipe dos serviços substitutivos na busca de atender à reabilitação psicossocial do sofredor psíquico. (2,3) Descrição da experiência: A experiência trazida refere-se a construção coletiva do Projeto Terapêutico (PT) no CAPS II do município de Uruguaiana, pelos estudantes dos cursos de Enfermagem e Fisioterapia vinculados ao Programa de Extensão Práticas Integradas em Saúde Coletiva (PISC) da Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA), bolsistas do Programa de Educação pelo Trabalho –PET Saúde Mental e MEC. O PET é orientado pelo princípio da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão, tendo como objetivos desenvolver atividades acadêmicas, mediante grupos de aprendizagem tutorial de natureza coletiva e interdisciplinar; contribuir para a elevação da qualidade da formação acadêmica dos alunos de graduação; formular novas estratégias de desenvolvimento e modernização do ensino superior no país e estimular o espírito crítico, bem como a atuação profissional pautada pela cidadania e pela função social da educação superior (4). A partir das atividades desenvolvidas pelos bolsistas no serviço e pelas reuniões semanais feitas com a equipe surge a discussão da necessidade da construir o PT do CAPS que já se encontrava desatualizado e demonstrou-se como um instrumento relevante para a organização das ações previstas pelos estudantes e profissionais. Desta forma a construção coletiva deste deu-se em entre os meses de abril a agosto de 2011, divida em três momentos, a saber: encontro dos estudantes e professores envolvidos para a discussão do conceito de PT dos pontos a serem construídos por cada estudante, logo após a coleta de dados junto aos trabalhadores do serviço e por fim seleção do referencial teórico a ser utilizado. Efeitos alcançados: Esta atividade proporcionou aos integrantes do grupo de trabalho o reconhecimento de desafios e possibilidades do serviço, além de colaborar com a formação critica e reflexiva dos estudantes envolvidos. Dentre os desafios identificou-se a necessidade de continuidade em oficinas terapêuticas como dança oficina de música, culinária, entre outras que exigem maior expressão e envolvimento entre usuários e profissionais. Como possibilidade tem-se a necessidade de maior articulação do CAPS com a atenção básica através do matriciamento em Saúde Mental. As oficinas terapêuticas desenvolvidas no CAPS objetivam se diferenciar das práticas antecessoras, decorrentes da idéia de estabelecer o trabalho como um recurso terapêutico, conhecido como ‘tratamento moral’, apresentando uma forma inaugural de lidar com a loucura. Neste contexto, as oficinas devem organizam-se de uma forma horizontalizada, contando com a participação de vários profissionais, tornando-se um lugar onde os usuários possam alcançar a as ações necessárias para lhes assegurar a reabilitação e inclusão social por meio da de interação de convivência entre os usuários, equipe,familiares e a sociedade como um todo(5). Sendo o CAPS o responsável pela organização da demanda e da rede de cuidados, promovendo suporte para atenção em saúde mental na rede básica o apoio matricial é considerado um arranjo organizacional que visa conceder suporte as equipes responsáveis pelo desenvolvimento das ações básicas de saúde para a população, promovendo relações entre trabalhadores, usuários e familiares pautadas no acolhimento e no vínculo(6). Os estudantes envolvidos obtiveram também, imenso aprendizado para seu futuro profissional, reconhecendo de forma reflexiva as necessidades e posicionamentos dos profissionais no serviço. A partir das trocas no real cenário de trabalho, identificaram-se os desafios desta equipe frente ao dinâmico processo de trabalho no qual estão inseridos. Tendo em vista este contexto e avanços alcançados compreende-se que para alcançar uma formação na área da saúde que atenda as reais necessidades da população princípios do SUS, uma proposta de ação estratégica para transformar a organização dos serviços e dos processos formativos, as práticas de saúde e as práticas pedagógicas implicaria em um trabalho articulado entre o sistema de saúde e as instituições formadoras(7).Recomendações: Compreende-se que após o a construção do PT do serviço e integração dos bolsistas e profissionais a partir compreensão de diferentes pontos qualificou-se as ações no serviço, bem como a formação dos estudantes. Desta forma espera-se obter a edificação de trabalhos que possibilitem o reconhecimento e execução por parte da equipe de oficinas terapêuticas que ocorram de forma interdisciplinar, assegurando aos usuários sua finalidade terapêutica,autonomia, reabilitação e inserção social por meio das diferentes atividades propostas. Em relação ao matriciamento que identifica-se como ponto a ser desenvolvido pelo serviço, compreendemos que deve ser ir além com essa equipe, proporcionando formação e compreensão desta articulação para que posteriormente obtenha-se do CAPS o suporte para atenção em saúde mental na atenção básica, que promova relações de cuidado individual pautada no acolhimento vínculo e co-responsabilidades dos profissionais que integram a rede . Neste contexto salienta-se ainda, a colaboração dos estudantes no avanço destes processos e a relevância dos projetos de extensão para os serviços de saúde, comunidade e estudantes. Referências: 1- Brasil. Ministério da Saúde.. Saúde mental no SUS: Os Centros de Atenção Psicossocial. Brasília: Ministério da Saúde, 2004. 86 p. 2- JARDIM VMR, CARTANA MHF, KANTORSKI LP, QUEVEDO ALA. Avaliação da Política de Saúde Mental a partir dos Projetos Terapêuticos de centros de atenção psicossocial. Revista Texto Contexto em Enfermagem, Florianópolis, v.18, n.2 p. 241-8, 2009. 3- KANTORSKI LP , BIELEMANN VLM, CLASEN BN, PADILHA MAS, MEN BUENO, HECK RM. A concepção dos profissionais acerca do Projeto Terapêutico de Centros de Atenção Psicossocial – CAPS. Revista Cogitare, Pelotas, v.15, n.4, p.659-66, 2010. 4-BRASIL. Ministério da Educação. Portaria MEC nº 591, de 18 de junho de 2009, com as alterações da Portaria MEC nº 975, de 27 de julho de 2010. Diário Oficial da União. Brasília, 28 de julho de 2010. Disponível em: < http: //portal.mec.gov.br>. Acesso em 29 de fevereiro de 2012. 5-VALLADARES ACA, LAPPANN-BOTTI NC, MELLO R, KANTORSKI LP, SCATENA MCM.Oficinas em saúde mental: a representação dos usuários dos serviços de saúde mental. Revista Texto Contexto Enfermagem, v.13, n. 4, p.519-26, 2004. 6- Brasil. Ministério da saúde. Secretaria de atenção à saúde. Saúde mental e atenção básica. O vínculo e o diálogo necessários. Inclusão das ações de saúde mental na tenção básica. Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2003. 7- CECCIM RB, FEUERWERKER LCM. O Quadrilátero da Formação para a Área da Saúde: Ensino, Gestão, Atenção e Controle Social. Revista de Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v.14, n.1, p.41- 65, 2004.