Rede Unida, 10º Congresso Internacional da Rede Unida


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A Educação Permanente Enquanto Prática Avaliativa Amistosa à Integralidade em Teresópolis/RJ
Thaís Sayuri Yamamoto, Mônica Tereza Christa Machado, Aluísio Gomes da Silva Junior

Resumo


No contexto da Reforma Sanitária e implantação do Sistema Único de Saúde, a área de recursos humanos em saúde passou a ter crescente importância na construção do novo modelo de sistema de saúde, justificada pela necessidade da produção de uma atenção integral à saúde. No entanto, a formação da maioria dos profissionais atuantes nos serviços públicos de saúde ocorreu com uma visão centrada na atenção às doenças, fragmentada e excessivamente biomédica, o que dificulta o exercício da integralidade e o desenvolvimento da participação das comunidades no cuidado. Como resultado desta fragmentação do processo de trabalho, verifica-se uma formação para a saúde também de forma fragmentada, gerando especialistas cujo conhecimento técnico específico se sobrepõe ao conhecimento integral de realidades locais e ao conhecimento de outros saberes. É nesse contexto, portanto, que vai se inserir a estratégia de educação permanente, proposta de prática pedagógica que coloca o cotidiano do trabalho em saúde como central aos processos educativos, ao mesmo tempo em que o coloca sob problematização, isto é, em auto-análise e autogestão. Assim, o objetivo deste trabalho é discutir o papel da Educação Permanente enquanto prática avaliativa amistosa à integralidade no cotidiano dos serviços de saúde, tomando como exemplo a experiência do grupo de Educação Permanente que atuou no município de Teresópolis/RJ, em 2007 e 2008. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, de abordagem descritiva, que utilizou a técnica de entrevistas semi-estruturadas com os profissionais que fizeram parte deste grupo, e o método de análise de conteúdo. Os profissionais ainda têm dificuldade em reconhecer como ferramenta de avaliação outro instrumento que não sejam os oficiais, ditados pelas secretarias ou pelo Ministério da Saúde. No entanto, em Teresópolis, percebeu-se que a prática de Educação Permanente foi capaz de promover mudanças no processo de trabalho das unidades, viabilizar uma formação crítica e reflexiva dos profissionais e futuros profissionais de saúde, fortalecer a participação social, e aproximar a gestão das questões locais de saúde, comprovando que, neste município, esta pode e deve ser considerada uma prática avaliativa amistosa à integralidade. Recomenda-se pensar a educação permanente para além da atenção básica, perpassando todos os níveis de atenção em saúde, em direção a não só um serviço, mas um sistema de saúde humanizado, integral, capaz de auto-avaliação e auto-gestão.