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A formação dos trabalhadores da saúde é um dos desafios que o SUS (através das instâncias: federal, estadual e municipal) enfrenta para a implementação de sua política de formação e qualificação de pessoas. Os princípios e diretrizes do SUS definem a operacionalização da política de formação através da formulação da política pública apresentada pelo Ministério da Saúde para a educação permanente dos profissionais. A Política Nacional de Educação Permanente em Saúde (PNEPS) Instituída pela Portaria GM/MS nº 198, de 13 de fevereiro de 2004, alterada pela Portaria GM/MS nº 1.996, de 20 de agosto de 2007, foi criada então, para materializar as necessidades de formação e qualificação dos trabalhadores da saúde. Visa a transformação e qualificação das práticas de saúde, a organização das ações e serviços de saúde, os processos formativos e as práticas pedagógicas na formação e desenvolvimento dos trabalhadores da saúde. (BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2009). O grande número de trabalhadores que atuam na área e a necessidade de que a atenção à saúde ocorra no local onde as pessoas vivem e trabalham, fazem parte dos desafios a serem enfrentados pelos gestores no SUS e pelos profissionais que implementam a Política de Formação de Recursos Humanos em Saúde através dos princípios e diretrizes do SUS e a Política Nacional de Educação Permanente em Saúde. Destes desafios surgem as questões: como atingir um grande número de trabalhadores da saúde em um país com as dimensões continentais como o nosso? De que maneira estes trabalhadores podem se qualificar, sem prejuízos às pessoas que necessitam de atenção à saúde e sem desfalcarem as unidades de saúde em que trabalham? A E@D como prática de educação, pode ser uma das estratégias utilizadas para o enfrentamento destes desafios, através da política nacional de educação permanente em saúde, onde há a integração do cotidiano de trabalho com a transformação e qualificação das práticas dos trabalhadores da saúde. Partindo da premissa de que a E@D como prática educativa na formação permanente e na inovação para a formação e qualificação dos trabalhadores da saúde, a problemática que se deseja investigar envolve a interação entre alunos e tutor do curso E@D de Especialização “Ativação de Processos de Mudança na Formação Superior de Profissionais de Saúde”, mediada pelo uso do portfólio. Este é compreendido como uma estratégia potente e inovadora de ensino-aprendizagem que possibilita o desenvolvimento cognitivo e meta-cognitivo daqueles que o utilizam. Por isso, o questionamento da maneira como ocorrem as interações entre alunos e tutor através do processo de mediação pela utilização do portfólio, necessita de investigação para a compreensão dos modos como ocorrem as interações mediadas no contexto específico do curso, quais os tipos de interação que ocorrem e se os tipos de interação identificados são influenciados pelos modelos comunicacional e pedagógico abordados no curso. O percurso metodológico deste trabalho é baseado na pesquisa qualitativa que busca compreender as relações sociais através de elementos afetivos, sociais e mentais que integram os diferentes contextos em que estão inseridas as pessoas individual e coletivamente. O trabalho de coleta e análise dos dados envolve as etapas de análise documental, entrevistas abertas e elaboração do Discurso do Sujeito Coletivo ((LEFÈVRE e LEFÈVRE, 2003, 2005) através das expressões-chave e idéias centrais. Como resultado preliminar da análise documental, foi selecionado um portfólio no curso elaborado em três momentos: no primeiro momento, as interações mediadas pelo portfolio foram: as motivações e interesses relacionados ao encantamento com o curso e o conhecimento de outros profissionais de saúde atuantes na área de ensino e serviço; as relações interpessoais e afetivas com outros colegas de curso na elaboração deste momento no portfolio; a competência tecnológica através da elaboração do seu portfolio com outros recursos de informática; as discursividades elaboradas através das teorias da educação popular, educação em saúde e educação permanente em saúde; processo ensino/apendizagem; os dispositivos de comunicação associados ao intertexto; o material do curso; a interação mediada no portfolio elaborado com a utilização de outro instrumento de tecnologia interativa (uso do programa MIND JET que elabora mapas mentais) e o uso diversificado de cores e imagens. Nos 2º e 3º momentos do portfólio desenvolvido pelo(a) aluno(a) ocorrem as seguintes interações mediadas: a interação entre o(a) aluno(a) e o ambiente virtual de aprendizagem utilizado no curso (VIASK – Virtual Institute of Advanced Studies Knowledge software desenvolvido com o objetivo de estabelecer um processo de ensino-aprendizagem a distância); o domínio de outros instrumentos de tecnologias interativas utilizados pelo(a) aluno(a) e os saberes tradicional e autorizado por parte da coordenação do curso, de tutores e orientadores do curso. Porém, percebeu-se que nos dois últimos portfolios, não há a utilização dos mesmos recursos gráficos de cores e imagens utilizados no primeiro momento do portfolio, pois, os dois últimos portfolios estão em preto e branco. Cabe ressaltar que no 3º momento do portfolio, apresenta-se o embate na utilização de uma ferramenta de TI (chat) utilizada pelo(a) aluno(a) no curso.As dificuldades e fragilidades explicitadas no portfolio foram superadas pelo(a) aluno(a), o que proporcionou a apropriação de novos dispositivos de produção, circulação e apropriação discursivos através das diversas interações entre aluno/professor (professor aqui denominado como tutor), entre aluno/aluno, entre aluno/conteúdo, entre professor/conteúdo, professor/professor e conteúdo/conteúdo. As três primeiras formas de interação foram as identificadas preliminarmente. Além do portfolio, foram utilizadas outras ferramentas, tais como fórum e chat no processo de elaboração do portfolio. Enquanto instrumento de avaliação formativa e quanto objeto de aprendizagem, o portfolio foi utilizado no contexto institucional de formação e qualificação de profissionais de saúde, segundo os princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde – SUS, tendo como cenário no curso E@D de Especialização em Ativação de Processos de Mudança na Formação Superior de Profissionais de Saúde. Referências: BRASIL. Ministério da Saúde / Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde. Departamento de Gestão da Educação na Saúde. Política Nacional de Educação Permanente em Saúde. Brasília, 2009. 64p. (Série B. Textos Básicos de Saúde). (Série Pactos pela Saúde, 2006; v.9). LEFÉVRE, F.; LEFÈVRE, A. M. C. Depoimentos e Discursos: uma proposta de análise em pesquisa social. Brasília: Liber Livro, 2005. 97 p. (Série Pesquisa; 12). LEFÉVRE, F.; LEFÈVRE, A. M. C. Discurso do Sujeito Coletivo: um novo enfoque em pesquisa qualitativa (desdobramentos). Ed. rev. e ampl. Caxias do Sul, RS: Educs, 2003. 256 p. (Coleção diálogos).