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A introdução da ficha de saúde como documento obrigatório no prontuário de crianças vinculadas a instituições de ensino
Resumo
Em nossa experiência prática no programa de integração saúde comunidade (PISCO) no curso de medicina, ouvimos casos de crianças que foram levadas a uma UBS de Guarulhos para atendimento médico, mas que não puderam fornecer informações prévias sobre particularidades de suas saúdes devido à ausência de um familiar, ou ainda na presença destes, algumas informações não foram comunicadas no momento do atendimento. Dentro dessa perspectiva, destacamos o caso de uma criança que foi levada para atendimento médico por sua mãe e que durante a avaliação médica foi constatado um sangramento vaginal. Após serem questionados sobre o achado do exame físico da criança, os pais posicionaram-se de forma defensiva alegando que a criança estava na escola antes da consulta e que o sangramento vaginal era conseqüente a um trauma sofrido por ela ao brincar em uma gangorra. Depois de serem tomadas todas as medidas cabíveis constatou-se que a criança sofria abuso sexual por seu pai, e a mãe da criança era conivente com o crime. Assim sendo, com a aprovação e apoio da gerência da UBS, os alunos conhecedores dessa problemática foram responsáveis pelo desenvolvimento de uma ficha de saúde, que tem como objetivo central, disponibilizar o maior número de informações relativas ao histórico de saúde da criança e que assim seja de grande utilidade no contato da criança com o pronto atendimento. Ressaltamos que essa ficha de saúde deverá fazer parte dos prontuários das crianças vinculadas a instituições de ensino, e apresentará quaisquer intercorrências no histórico de saúde dessas crianças, além de ficar em local de fácil acesso para sua consulta e freqüente atualização. Inicialmente, essa ficha de saúde foi aplicada em uma creche do município de Guarulhos, e segundo a coordenadora responsável foi muito bem aceita por pais e colaboradores da instituição. Atualmente a ficha de saúde é recomendada pelo ministério da saúde como documento que deve ser utilizado por instituições que lidam com crianças, mas percebemos na prática que parte dessas instituições não utiliza a ficha de saúde adequadamente ou mesmo desconhece sua existência. Refletindo sobre esse cenário recomendamos que a inserção obrigatória da ficha de saúde nessas instituições seja discutida pelos órgãos públicos competentes, a fim de garantir maior segurança e proteção para as crianças, pais e colaboradores.