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A interconsulta pode ser considerada um dispositivo para proporcionar melhor atenção ao usuário, conferindo-lhe um atendimento integral. Durante a Residência Integrada em Saúde, com ênfase em Atenção Básica em Saúde Coletiva, a prática de interconsultas é estimulada, tendo sido um grande diferencial nas nossas atuações. Os saberes provenientes das graduações de enfermagem e de psicologia diferem bastante em relação aos olhares e intervenções e, muitas vezes, quanto à forma de abordagem. Embora algumas faculdades possuam um olhar mais ampliado no que diz respeito à saúde mental, identificando a presença constante em qualquer momento de interação com o outro, ainda assim o olhar não é o mesmo de uma graduação totalmente voltada ao tema. Durante o processo de residência passamos a perceber a necessidade da interconsulta a medida que nos aprofundávamos no conhecimento do usuário, suas angústias e necessidades, assim como o enfermeiro por vezes se sentia inseguro a conduzir alguma questão referente a um sofrimento psíquico de maior complexidade, o psicólogo também possuía dúvidas em relação a questões biológicas e de cuidado prático. A interconsulta surge como a possibilidade de complementar saberes, de uma troca entre usuário e profissionais, na qual todos aprendem e obtém “lucro”. Durante a clínica nos deparamos com situações de difícil manejo, como atendimentos de saúde da mulher que revelavam histórico de abuso sexual, consultas de saúde mental com gestantes que perdiam peso, acolhimento com usuário de drogas que pedia ajuda e não sabia se conseguiria retornar no dia seguinte devido ao vício. Foram muitas as situações que os conhecimentos se complementaram, que se potencializaram com o objetivo de prestar um atendimento de qualidade, permitindo mais de um olhar para o mesmo tema, vislumbrando assim maiores chances de sucesso