Rede Unida, 10º Congresso Internacional da Rede Unida


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A loucura e sua intensificação mediante a imposição dos sintomas das indústrias farmacêuticas
Pâmela Mizurini da Costa

Resumo


Tão antiga quanto a humanidade a loucura sempre esteve presente em sua história ao longo dos tempos. Na Grécia antiga a alienação era apreciada como inspiração através de um dom divino e positivo. Hoje o prisma do qual a insanidade é contemplada está na ordem do horror, ou melhor, da propaganda negativa que massifica uma medicalização intensiva sobre essa. Esta pesquisa designa criticar de maneira breve as mutações da loucura desde a Grécia antiga quando era admirada até a hipermodernidade, e focalizar as conseqüências dos severos agravamentos após a introdução dos sintomas concebidos pelos DSMs, fantasiados por meio do marketing cerrado das indústrias farmacêuticas que patrocinam profissionais renomados com o intuito de disseminar uma suposta verdade que esconde fatos obscuros sobre a saúde mental. E em conseqüência os gastos desnecessários que a saúde pública paga por esses medicamentos de valores exacerbados e que apresentam como efeito secundário os próprios efeitos psicóticos do qual o medicamento propõe sanar. Essa afirmação possui embasamento teórico-prático mediado pela pesquisa participativa no Centro de Atenção Psicossocial da Universidade do Estado do Rio de Janeiro e a análise das próprias propagandas realizadas pelas indústrias farmacêuticas que tem origem nos Estados Unidos da América, mas que reflete na introdução do sintoma na sociedade brasileira e a comercialização da solução para quem o apresenta.Como derivação desse processo tem-se o tamponamento medicamentoso, a perda da subjetividade do sujeito e o aumento das internações devido aos efeitos secundários que o próprio psicotrópico pode causar aos usuários da rede do Sistema Único de Saúde do Estado do Rio de Janeiro, que pode administrar melhor seus recursos mediante o comprometimento multiprofissional e intensivo nas psicoterapias e uma maior conscientização medicamentosa.Todavia cabe ao profissional de saúde mental da rede desconstuir com os usuários o propósito da eficácia milagrosa contida nessas pílulas, e encaminhar sua prática pela edificação de um caminho mais saudável, apresentando-o uma abertura a retomada de sua subjetividade e um trabalho de conscientização familiar colocando em evidência que a saúde mental não consiste a priori ao funcionamento fisiológico.Palavra-chave: Sistema Único de Saúde; Medicalização; Industrias farmacêuticas; CAPS.