Rede Unida, 10º Congresso Internacional da Rede Unida


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A prática do enfemeiro que atua na Estratégia Saúde da Família: limites e possibilidades.
Carina Bortolato, Carina Bortolato, Nildo Alves Batista

Resumo


A complexidade da prática do enfermeiro na Estratégia Saúde da Família exige um perfil de atuação profissional pautado nas diretrizes do SUS e nos princípios da ESF. Este trabalho tem como objetivo caracterizar a prática do Enfermeiro que atua na Estratégia Saúde da Família na mesorregião Norte Pioneiro Paranaense. Trata-se de pesquisa exploratória, de caráter descritivo-analítico, a qual utilizou a abordagem quantitativa e qualitativa. Os dados desta pesquisa foram coletados em duas etapas: num primeiro momento, através de um questionário de escala tipo Likert, do qual participaram 72 enfermeiros atuantes na Estratégia Saúde da Família na região investigada e por meio do qual as respostas foram sistematizadas, tabuladas e o grau de concordância com as assertivas ou discordância foi apresentado em percentuais e em formato de gráficos; num segundo momento, objetivando o aprofundamento da primeira etapa, foi realizada entrevista semiestruturada com uma amostragem de 15 enfermeiros, definida por meio da técnica de saturação teórica das informações; os dados da segunda fase foram tratados por meio da técnica de Análise de Conteúdo, segundo referencial de Minayo. Os resultados apontaram que o enfermeiro é predominantemente do sexo feminino, a maioria com idade entre 21 e 30 anos, e egresso de universidades públicas, tendo a Estratégia Saúde da Família como única opção de trabalho. A maioria dos entrevistados apontou como opção de trabalho na Estratégia Saúde da Família a possibilidade de experiência no trabalho em equipe, trabalho multiprofissional e interdisciplinar, vocação e compromisso com a sociedade. No contexto da prática do enfermeiro na Estratégia Saúde da Família, os entrevistados apontaram uma prática diversificada, complexa, gerencial e dinâmica, comprometida com a integralidade no cuidado e humanizada, a qual promove educação em saúde da população e educação continuada/permanente do enfermeiro no contexto da equipe de saúde; no entanto, elencaram como limites e desafios dessa prática a falta de recursos humanos/ sobrecarga de atividades/ desvio de função, a dificuldade na implementação da integralidade no cuidado, a dificuldade na operacionalização da equipe, a falta de atuar para a promoção, prevenção e reabilitação da saúde, a falta de compromisso social, a dicotomia teoria/prática, a dificuldade de execução das atribuições preconizadas, a falta de desenvolvimento de ações intersetoriais e, também, os problemas relacionados à gestão dessa Estratégia. Estra prática permeada por limites e desafios, os enfermeiros apontam a dicotomia teoria/prática decorrente da formação na graduação que ainda sofre influência do paradigma da fragmentação dos conteúdos, o que se reflete na prática, nas dificuldades do trabalho em equipe e na integralidade do cuidado, na promoção e na prevenção à saúde. Evidencia-se, portanto, com esta pesquisa, que a prática do enfermeiro embora pareça estar comprometida com os princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde e Estratégia Saúde da Família, ela não consegue alcançar a complexidade desta prática, devido à falta de preparo na graduação para esta atuação.