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A PROPOSTA DE VALIDAÇÃO DO GUIA DE GESTÃO AUTÔNOMA DA MEDICAÇÃO (GAM) NO BRASIL
Resumo
Este trabalho apresenta a proposta de validação do projeto de pesquisa Autonomia e direitos humanos: validação do Guia de Gestão Autônoma da Medicação – GAM (FAPERJ, 2011), vinculado à Universidade Federal Fluminense e articulado ao projeto multicêntrico UNICAMP-UFF-UFRJ-UFRGS: Pesquisa avaliativa de saúde mental: instrumentos para a qualificação da utilização de psicofármacos e formação de recursos humanos (CNPq, 2009), de parceria internacional Brasil-Canadá e sob chancela da ARUC (Alliance Internacionale de Récherche Universités-Communauté). Em 2009, o projeto multicêntrico tratou de traduzir e adaptar à realidade da Reforma Psiquiátrica brasileira o Guia de Gestão Autônoma da Medicação (GGAM), instrumento canadense voltado à ampliação da autonomia de usuários de saúde mental na utilização de psicofármacos. Para tanto, pesquisadores trabalharam a leitura e discussão do Guia em Grupos de Intervenção realizados em Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) do Rio de Janeiro (RJ), Campinas (SP) e Novo Hamburgo (RS). A partir de 2011, iniciou-se uma nova fase do projeto no intuito de validar o material produzido na fase de adaptação e sistematizar as contribuições da estratégia GAM-BR. No Brasil, a estratégia GAM tem sido efetuada em dispositivos grupais (Grupos GAM), com a participação de pesquisadores, usuários, familiares e trabalhadores de SM, como meio de criação de condições para o compartilhamento e a cogestão da experiência da medicação. Nos grupos GAM, a diretriz da cogestão objetiva a lateralização das experiências, no sentido da produção de corresponsabilização entre os diferentes agentes e da emergência de uma autonomia cogestiva. Assim, a estratégia GAM se dá em um dispositivo complexo, que não se resume à aplicação do GGAM, e que é inseparável de um modo de fazer, que denominamos manejo cogestivo. O manejo cogestivo visa à contração da grupalidade como condição para a ampliação da autonomia do/no grupo, possibilitando o exercício da cidadania com foco no aumento do poder contratual dos usuários em relação ao tratamento medicamentoso. Na validação do GGAM-BR, busca-se, portanto, analisar os diferentes efeitos promovidos pelo dispositivo (uso do guia e sua sintonia com o manejo cogestivo) e avaliar seu poder de intervenção sobre os automatismos institucionais, favorecendo a emergência de movimentos autonômicos e coletivos, implicados com o cuidado compartilhado da questão da medicação, como experiência que a todos atravessa.