Rede Unida, 10º Congresso Internacional da Rede Unida


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A PROPOSTA DE VALIDAÇÃO DO GUIA DE GESTÃO AUTÔNOMA DA MEDICAÇÃO (GAM) NO BRASIL
Jorge Melo, Letícia Renault, Christian Sade, Sandro Rodrigues, Júlia Carvalho, Lorena Guerini, Beatriz Prata, Paula Milward, Guilherme Figueiró, Rebecca Dornelles, Eduardo Passos

Resumo


Este trabalho apresenta a proposta de validação do projeto de pesquisa Autonomia e direitos humanos: validação do Guia de Gestão Autônoma da Medicação – GAM (FAPERJ, 2011), vinculado à Universidade Federal Fluminense e articulado ao projeto multicêntrico UNICAMP-UFF-UFRJ-UFRGS: Pesquisa avaliativa de saúde mental: instrumentos para a qualificação da utilização de psicofármacos e formação de recursos humanos (CNPq, 2009), de parceria internacional Brasil-Canadá e sob chancela da ARUC (Alliance Internacionale de Récherche Universités-Communauté). Em 2009, o projeto multicêntrico tratou de traduzir e adaptar à realidade da Reforma Psiquiátrica brasileira o Guia de Gestão Autônoma da Medicação (GGAM), instrumento canadense voltado à ampliação da autonomia de usuários de saúde mental na utilização de psicofármacos. Para tanto, pesquisadores trabalharam a leitura e discussão do Guia em Grupos de Intervenção realizados em Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) do Rio de Janeiro (RJ), Campinas (SP) e Novo Hamburgo (RS). A partir de 2011, iniciou-se uma nova fase do projeto no intuito de validar o material produzido na fase de adaptação e sistematizar as contribuições da estratégia GAM-BR. No Brasil, a estratégia GAM tem sido efetuada em dispositivos grupais (Grupos GAM), com a participação de pesquisadores, usuários, familiares e trabalhadores de SM, como meio de criação de condições para o compartilhamento e a cogestão da experiência da medicação. Nos grupos GAM, a diretriz da cogestão objetiva a lateralização das experiências, no sentido da produção de corresponsabilização entre os diferentes agentes e da emergência de uma autonomia cogestiva. Assim, a estratégia GAM se dá em um dispositivo complexo, que não se resume à aplicação do GGAM, e que é inseparável de um modo de fazer, que denominamos manejo cogestivo. O manejo cogestivo visa à contração da grupalidade como condição para a ampliação da autonomia do/no grupo, possibilitando o exercício da cidadania com foco no aumento do poder contratual dos usuários em relação ao tratamento medicamentoso. Na validação do GGAM-BR, busca-se, portanto, analisar os diferentes efeitos promovidos pelo dispositivo (uso do guia e sua sintonia com o manejo cogestivo) e avaliar seu poder de intervenção sobre os automatismos institucionais, favorecendo a emergência de movimentos autonômicos e coletivos, implicados com o cuidado compartilhado da questão da medicação, como experiência que a todos atravessa.