Rede Unida, 10º Congresso Internacional da Rede Unida


Tamanho da fonte: 
A VIOLÊNCIA SOB FOCO NO CURRÍCULO MÉDICO: DESAFIO À FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
Valéria Raquel Alcantara Barbosa, José Ivo dos Santos Pedrosa, Manoel Guedes de Almeida, Sílvia Alcantara Vasconcelos

Resumo


INTRODUÇÃO: A violência, grave violação dos direitos humanos, é uma das principais causas de morbimortalidade no Brasil e no mundo. O problema exige novas abordagens com as quais o setor saúde não está acostumado, colocando como figuras estratégicas profissionais da saúde - sobretudo da categoria médica. Assim, torna-se premente o debate sobre violência no ensino médico; em que favoreça à formação humanística, orientada para a cultura da atenção sensível e integral à saúde, centrada no respeito ao usuário vitimizado e às suas singularidades. OBJETIVOS: Identificar no currículo do Curso de Medicina da Universidade Federal do Piauí espaços para discutir sobre violência; descrever estratégias pedagógicas usadas para abordagem do tema; levantar referências bibliográficas adotadas nas práticas de ensino-aprendizagem. MÉTODO: Nos meses de julho e agosto de 2011 realizou-se pesquisa documental por meio da revisão do projeto político-pedagógico e dos programas de disciplinas do Curso de Medicina da Universidade Federal do Piauí. Para tal, na coleta de dados adotou-se o critério de o documento conter uma ou mais das seguintes expressões-chave: violência, maus-tratos, causas externas, traumas, direitos humanos. Os demais dados foram eleitos através do exame textual dos planos e programas das disciplinas em que o tema foi evidenciado. Após, reuniu-se os dados em planilhas para análise de conteúdos e paradigmas. RESULTADOS: Evidenciou-se o tema violência em 06 disciplinas do Curso, sendo, 02 do Ciclo Básico e 04 do Profissionalizante. Constatou-se ênfase na sala de aula e em serviços de saúde pública como cenários para discutir a temática; e, da execução de atividades teóricas e práticas centradas no enfoque clínico e na assistência especializada, em detrimento da abordagem integral do sujeito do cuidado. As referências bibliográficas adotadas, na maior parte, concentram visão biologicista sobre violência. CONCLUSÃO: A formação humanística do médico, de caráter efetivamente generalista, crítica e reflexiva, exige o debate sobre questões sociais contemporâneas - como a violência - que afetam a saúde e qualidade de vida de sujeitos e coletivos, extrapolando os limites interventivos do setor saúde. Porém, devem-se priorizar estratégias pedagógicas que valorizem a cultura da clínica ampliada; assim como vivências de aprendizagem em serviço-comunidade, na lógica da multidisciplinaridade, interdisciplinaridade, transdiciplinaridade e intersetorialidade.