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O modelo de formação dos cursos da área da saúde preconizado pela maioria das instituições de ensino superior do país contribui para uma formação descontextualizada e distanciada da realidade social e epidemiológica apresentadas pelo contexto nacional. As práticas odontológicas comumente centradas no modelo hegemônico, onde há priorização de ações curativas com o uso de grande aporte tecnológico, apesar de consumirem muitos recursos, se mostram ineficazes na resolução das demandas em saúde bucal apresentadas pela maior parte da população. Esse quadro motivou algumas das mudanças nas práticas pedagógicas observadas nos últimos anos. A integração ensino-serviço se configura numa das ferramentas utilizadas para que se alcance uma formação mais adequada às demandas atuais, uma vez que permite ao estudante um ensino socialmente responsável e uma reflexão sobre seu papel social enquanto profissional. No curso de graduação em Odontologia do Centro Universitário Serra dos Órgãos, em Teresópolis-RJ, uma das mudanças realizadas foi a organização de módulos da Integração Ensino-Trabalho-Cidadania que têm por objetivo permitir aos estudantes o contato com a realidade da estratégia de saúde da família e a possibilidade de desenvolvimento de um perfil profissional diferenciado. Atualmente a inserção dos estudantes é realizada nos seis primeiros períodos do curso em unidades básicas de saúde da família. Nessas unidades são buscadas parcerias com diversos equipamentos sociais como escolas, creches, estabelecimentos industriais e comerciais, asilos e instituições religiosas com intuito de mergulhar os estudantes na realidade do contexto social de seus pacientes. Observou-se que, embora a demanda de tecnologias leve-duras e duras seja parte do contexto educacional odontológico, o desenvolvimento do modus operandi através da prática possibilitou mudança nas percepções dos estudantes com relação ao cuidado em saúde. Assim, os mesmos podem construir competências e habilidades através do senso crítico, do trabalho em equipe multiprofissional e da humanização, essenciais à formação de profissionais com perfil adequado às práticas de saúde orientadas pelos princípios do SUS. Recomenda-se que o governo, em suas diferentes esferas, os serviços e os trabalhadores da saúde, as instituições formadoras e os próprios estudantes acompanhem e compartilhem suas experiências no processo de formação de profissionais que atuem de forma a transformar a situação de saúde da população.