Rede Unida, 10º Congresso Internacional da Rede Unida


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A vivência no 6º Intercâmbio em Saúde Mental Coletiva: múltiplos olhares no município de Alegrete/RS
Danielle dos Santos Scholz, Rodrigo Lima Rodrigues, Felipa Elzira Melgarecho Bassante, Maria de Lourdes Custódio Duarte, Odete Messa Torres, Rodrigo Lima Rodrigues, Felipa Elzira Melgarecho Bassante, Maria de Lourdes Custódio Duarte, Odete Messa Torres

Resumo


Caracterização do problema: A estruturação da rede de atenção em saúde mental é imprescindível para o resgate da cidadania, reabilitação e inclusão social do indivíduo com sofrimento psíquico, segundo os pressupostos norteadores da Reforma Psiquiátrica e diretrizes do Sistema Único de Saúde.Sendo esta rede parte integrante do SUS, é regulada e organizada em todo o território nacional por ações e serviços de saúde que atuam de forma regionalizada e hierarquizada, em níveis de complexidade crescente. A rede de atenção à saúde mental caracteriza-se por ser essencialmente pública, de base municipal e com um controle social fiscalizador e gestor no processo de consolidação da Reforma Psiquiátrica. É composta por Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), Serviços Residenciais Terapêuticos (SRT), Centros de Convivência, Ambulatórios de Saúde Mental e Hospitais Gerais (1). A saúde coletiva em suas vertentes relacionadasà avaliação de serviços e desenvolvimento além de ampliar seu espaço na acadêmia tem vem sendo utilizada o nos serviços de saúde mental que necessitam de uma necessária adaptação desse instrumental de um campo interdisciplinar de saberes e práticas, potencialmente geradoras de subsídios para a efetivação Reforma Psiquiátrica Brasileira (2). Neste contexto a saúde mental coletiva proporciona a rede um campo de saber e prática que têm, como um dos aspectos essenciais, a saúde como fenômeno social e de interesse público, visando uma abordagem interdisciplinar em saúde a fim de proporcionar o atendimento individualizado e integral a cada usuário dos serviços de saúde(3,4). Descrição da experiência: Esta experiência trata-se de uma vivência no Sistema Único de Saúde (SUS) denominada6º Intercâmbio em Saúde Mental Coletiva: diversos olhares e vivências da saúde mental coletiva no SUS no município de Alegrete na Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul. As atividades ocorreram durante uma semana ,onde quarenta e dois intercambistas de oito universidades divididos em sete grupos,participaram de rodas de conversa junto aos Movimentos Socias na perspectiva de troca de saberes em relação a co-responsabilização e acolhimento ao portador de sofrimento psíquico nos bairros da cidade e experimentaram a observação ativa de campo, junto à rede de saúde mental. Esta rede compreende seguintes serviços: Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) do tipo II, Álcool e outras Drogas (CAPS AD), Infanto-juvenil (CAPSi), Serviço Residencial Terapêutico (SRT), Leitos psiquiátricos na Santa Casa de Caridade com a oficina terapêutica SAIS da Casa e Unidades Básicas de Saúde (UBSs).Durante as visitas os participantes tiveram a oportunidade de conhecer a estrutura física dos serviços, trocar informações com a equipe em relação a atenção a saúde, conversaram com usuários, participaram de rodas de conversa a fim de trocas de experiências e junto a gestão do município. Efeitos alcançados: Durante as vivências nos serviços de saúde propostos pelo intercâmbio e rodas de avaliação das experiências os participantes identificaram duas características marcantes em relação à rede de saúde mental do município, sendo a primeira delas o comprometimento dos profissionais e a integração com a comunidade e a segunda, à relevância das equipes interdisciplinares na composição dos serviços de saúde mental. No decorrer das visitas na rede observou-se um comprometimento por parte da maioria dos profissionais diferenciado, não somente no contexto de assistência a saúde como na relação da comunidade e os serviços, visando a qualificação deste e promoção de inserção social e autonomia dos portadores de sofrimento psíquico, bem como integração com os familiares. O vínculo que é o alicerce de uma relação compromissada entre a equipe, usuário e família e propicia uma convivência uma de responsabilidade entre ambos. Este cuidado integrado, exige mais do que um direcionamento das práticas, necessitando de comprometimento e responsabilidade que promovem e mantém a autonomia do usuário, que reconquista sua cidadania e seu espaço na sociedade, ale do estabelecimento de uma responsabilização e um cuidado coletivo(5). Identificou-se também que os serviços que integram a rede contêm equipes interdisciplinares fortemente atuantes na perspectiva de um trabalho qualificado aos usuários, que promove atenção a saúde de forma integral e se articula de forma integrada e responsável. A interdisciplinaridade promove a possibilidade do trabalho em conjunto na busca de soluções, respeitando as bases disciplinares específicas. Nesta perspectiva, a interdisciplinaridade contempla o reconhecimento da complexidade crescente do objeto das ciências da saúde e a conseqüente a exigência de um olhar plural possibilitando um trabalho em equipe, que respeita e busca soluções compartilhadas para os problemas das pessoas e instituições, atuando como estratégia para a concretização da integralidade das ações de saúde (6).Recomendações: Estas vivências que vem ocorrendo no município de Alegrete são marcadas pelos inúmeros benefícios tanto para os profissionais a rede como para o aprendizado dos estudantes envolvidos. Desta forma,compreende-se que as experiências proporcionadas pelo intercâmbio e as trocas de saberes entre usuários profissionais e estudantes proporcionaram o fortalecimento de uma rede de saúde mental que cuida , atuando além de uma simples assistência saúde aos usuários, se co-responsabilizando por sua real reabilitação, inserção social, autonomia e consolidação da Reforma Psiquiátrica, bem como das diretrizes do SUS. Além disso, estes dias proporcionaram aos estudantes uma oportunidade de transformação em sua vida acadêmica, não somente em relação à atenção em saúde mental e a relevância do trabalho em rede de forma integrada, como para a uma formação que capacita os futuros profissionais para as reais necessidades de saúde da população e fortalecimento do SUS. Referências: 1- BRASIL. Ministério da Saúde. Reforma Psiquiátrica e política de Saúde Mental no Brasil. Conferência Regional de Reforma dos Serviços de Saúde Mental : 15 anos depois de Caracas Brasília, novembro. Brasília, DF, 2005. 2- ONOCKO-CAMPOS RT, FURTADO JP. Entre a saúde coletiva e a saúde mental: um instrumental metodológico para avaliação da rede de Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) do Sistema Único de Saúde. Cadernos de. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v.22, n.5,p.1053-1062, 2006. 3-SCHNEIDER AR. A construção da rede de atenção em saúde mental de um município do Sul do Brasil. Barbarói. Santa Cruz do Sul, n. 28, jan./jun. 2008. Disponível em: < online. unisc.br/seer/index.php/barbaroi/article/view/358/582> Acesso em: 14 de janeiro de 2012.4- SCARCELL,IR; ALENCAR, SLS. Saúde Mental E Saúde Coletiva: intersetorialidade e participação em debate. Cadernos Brasileiros de Saúde Mental, v.l 1, n.1, 2009. 5- SCHRANK G, OLSCHOWSKY A. O centro de Atenção Psicossocial e as estratégias para inserção da família. Revista da Escola de Enfermagem USP, São Paulo, v. 42, n.1, p127-34, 2008. 6- SAUPE R, CUTOLO LRA, WENDHAUSEN ALP, BENITO GAV. Competência dos profissionais da saúde para o trabalho interdisciplinar. Revista Comunicação em Saúde, Florianópolis, v.9, n.18, p.521-36, 2005.