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A vivência no 6º Intercâmbio em Saúde Mental Coletiva: múltiplos olhares no município de Alegrete/RS
Resumo
Caracterização do problema: A estruturação da rede de atenção em saúde mental é imprescindível para o resgate da cidadania, reabilitação e inclusão social do indivíduo com sofrimento psíquico, segundo os pressupostos norteadores da Reforma Psiquiátrica e diretrizes do Sistema Único de Saúde.Sendo esta rede parte integrante do SUS, é regulada e organizada em todo o território nacional por ações e serviços de saúde que atuam de forma regionalizada e hierarquizada, em níveis de complexidade crescente. A rede de atenção à saúde mental caracteriza-se por ser essencialmente pública, de base municipal e com um controle social fiscalizador e gestor no processo de consolidação da Reforma Psiquiátrica. É composta por Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), Serviços Residenciais Terapêuticos (SRT), Centros de Convivência, Ambulatórios de Saúde Mental e Hospitais Gerais (1). A saúde coletiva em suas vertentes relacionadasà avaliação de serviços e desenvolvimento além de ampliar seu espaço na acadêmia tem vem sendo utilizada o nos serviços de saúde mental que necessitam de uma necessária adaptação desse instrumental de um campo interdisciplinar de saberes e práticas, potencialmente geradoras de subsídios para a efetivação Reforma Psiquiátrica Brasileira (2). Neste contexto a saúde mental coletiva proporciona a rede um campo de saber e prática que têm, como um dos aspectos essenciais, a saúde como fenômeno social e de interesse público, visando uma abordagem interdisciplinar em saúde a fim de proporcionar o atendimento individualizado e integral a cada usuário dos serviços de saúde(3,4). Descrição da experiência: Esta experiência trata-se de uma vivência no Sistema Único de Saúde (SUS) denominada6º Intercâmbio em Saúde Mental Coletiva: diversos olhares e vivências da saúde mental coletiva no SUS no município de Alegrete na Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul. As atividades ocorreram durante uma semana ,onde quarenta e dois intercambistas de oito universidades divididos em sete grupos,participaram de rodas de conversa junto aos Movimentos Socias na perspectiva de troca de saberes em relação a co-responsabilização e acolhimento ao portador de sofrimento psíquico nos bairros da cidade e experimentaram a observação ativa de campo, junto à rede de saúde mental. Esta rede compreende seguintes serviços: Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) do tipo II, Álcool e outras Drogas (CAPS AD), Infanto-juvenil (CAPSi), Serviço Residencial Terapêutico (SRT), Leitos psiquiátricos na Santa Casa de Caridade com a oficina terapêutica SAIS da Casa e Unidades Básicas de Saúde (UBSs).Durante as visitas os participantes tiveram a oportunidade de conhecer a estrutura física dos serviços, trocar informações com a equipe em relação a atenção a saúde, conversaram com usuários, participaram de rodas de conversa a fim de trocas de experiências e junto a gestão do município. Efeitos alcançados: Durante as vivências nos serviços de saúde propostos pelo intercâmbio e rodas de avaliação das experiências os participantes identificaram duas características marcantes em relação à rede de saúde mental do município, sendo a primeira delas o comprometimento dos profissionais e a integração com a comunidade e a segunda, à relevância das equipes interdisciplinares na composição dos serviços de saúde mental. No decorrer das visitas na rede observou-se um comprometimento por parte da maioria dos profissionais diferenciado, não somente no contexto de assistência a saúde como na relação da comunidade e os serviços, visando a qualificação deste e promoção de inserção social e autonomia dos portadores de sofrimento psíquico, bem como integração com os familiares. O vínculo que é o alicerce de uma relação compromissada entre a equipe, usuário e família e propicia uma convivência uma de responsabilidade entre ambos. Este cuidado integrado, exige mais do que um direcionamento das práticas, necessitando de comprometimento e responsabilidade que promovem e mantém a autonomia do usuário, que reconquista sua cidadania e seu espaço na sociedade, ale do estabelecimento de uma responsabilização e um cuidado coletivo(5). Identificou-se também que os serviços que integram a rede contêm equipes interdisciplinares fortemente atuantes na perspectiva de um trabalho qualificado aos usuários, que promove atenção a saúde de forma integral e se articula de forma integrada e responsável. A interdisciplinaridade promove a possibilidade do trabalho em conjunto na busca de soluções, respeitando as bases disciplinares específicas. Nesta perspectiva, a interdisciplinaridade contempla o reconhecimento da complexidade crescente do objeto das ciências da saúde e a conseqüente a exigência de um olhar plural possibilitando um trabalho em equipe, que respeita e busca soluções compartilhadas para os problemas das pessoas e instituições, atuando como estratégia para a concretização da integralidade das ações de saúde (6).Recomendações: Estas vivências que vem ocorrendo no município de Alegrete são marcadas pelos inúmeros benefícios tanto para os profissionais a rede como para o aprendizado dos estudantes envolvidos. Desta forma,compreende-se que as experiências proporcionadas pelo intercâmbio e as trocas de saberes entre usuários profissionais e estudantes proporcionaram o fortalecimento de uma rede de saúde mental que cuida , atuando além de uma simples assistência saúde aos usuários, se co-responsabilizando por sua real reabilitação, inserção social, autonomia e consolidação da Reforma Psiquiátrica, bem como das diretrizes do SUS. Além disso, estes dias proporcionaram aos estudantes uma oportunidade de transformação em sua vida acadêmica, não somente em relação à atenção em saúde mental e a relevância do trabalho em rede de forma integrada, como para a uma formação que capacita os futuros profissionais para as reais necessidades de saúde da população e fortalecimento do SUS. Referências: 1- BRASIL. Ministério da Saúde. Reforma Psiquiátrica e política de Saúde Mental no Brasil. Conferência Regional de Reforma dos Serviços de Saúde Mental : 15 anos depois de Caracas Brasília, novembro. Brasília, DF, 2005. 2- ONOCKO-CAMPOS RT, FURTADO JP. Entre a saúde coletiva e a saúde mental: um instrumental metodológico para avaliação da rede de Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) do Sistema Único de Saúde. Cadernos de. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v.22, n.5,p.1053-1062, 2006. 3-SCHNEIDER AR. A construção da rede de atenção em saúde mental de um município do Sul do Brasil. Barbarói. Santa Cruz do Sul, n. 28, jan./jun. 2008. Disponível em: < online. unisc.br/seer/index.php/barbaroi/article/view/358/582> Acesso em: 14 de janeiro de 2012.4- SCARCELL,IR; ALENCAR, SLS. Saúde Mental E Saúde Coletiva: intersetorialidade e participação em debate. Cadernos Brasileiros de Saúde Mental, v.l 1, n.1, 2009. 5- SCHRANK G, OLSCHOWSKY A. O centro de Atenção Psicossocial e as estratégias para inserção da família. Revista da Escola de Enfermagem USP, São Paulo, v. 42, n.1, p127-34, 2008. 6- SAUPE R, CUTOLO LRA, WENDHAUSEN ALP, BENITO GAV. Competência dos profissionais da saúde para o trabalho interdisciplinar. Revista Comunicação em Saúde, Florianópolis, v.9, n.18, p.521-36, 2005.