Tamanho da fonte:
Abordagem da enfermagem aos aspectos emocionais das mulheres no período puerperal
Resumo
Introdução: No puerpério as modificações provocadas pela gravidez e parto no organismo da mulher, retornam à situação do estado pré-gravídico. Sabe-se, contudo, que as demandas do puerpério vão além de fatores relativos à fisiologia do pós-parto, integrando fatores físicos, emocionais, sócio-culturais, econômicos e de gênero. No tocante aos aspectos emocionais, torna-se importante não somente identificá-los, mas, sobretudo, abordá-los de maneira a promover uma vivência mais positiva desse período e evitar o estabelecimento eventual de cronicidades decorrentes de experiências negativas. A enfermagem no contexto da estratégia saúde da família (ESF) tem papel importante nesse sentido, estando em posição favorável para identificar e intervir nesse processo. Objetivo: Analisar como a enfermagem, no contexto da estratégia saúde da família (ESF), aborda os aspectos emocionais expressos pelas mulheres que vivenciam o puerpério. Método: Trata-se de um estudo exploratório e descritivo de abordagem qualitativa fundamentado na análise de discurso na vertente proposta por José Luis Fiorin e desenvolvido com 06 enfermeiros vinculados às equipes da estratégia ESF de um município piauiense. Resultados: Os resultados indicaram que, embora os profissionais identifiquem questões emocionais das mulheres no período puerperal, essas questões são trabalhadas de forma muito tímida, com tendência à “psicologização”, e consequente encaminhamento para profissionais especializados. A abordagem às necessidades emocionais privilegiam a relação mãe-bebê e a relação da puérpera com o companheiro, com alguma menção a demandas decorrentes do enfrentamento de condições sociais precárias, e tem como fundamento o fornecimento de orientações pontuais. Conclusão: O trabalho da enfermagem na identificação das necessidades de saúde das puérperas tem possibilitado a apreensão de demandas emocionais importantes, diretamente relacionadas à vivência desse período específico. Não obstante, embora identifiquem, os enfermeiros não intervêm sobre esses aspectos, revelando uma atuação que tem como ênfase fatores relativos à fisiologia do pós-parto e que tira de si a responsabilidade por demandas que estão alheias a esses fatores. Nesse processo, a enfermagem necessita se (re)apropriar de um cuidado que tenha com fundamento a integralidade, favorecendo um olhar mais amplo e uma atuação interdisciplinar que viabilize um cuidado mais efetivo, porque mais adequado às reais necessidades de saúde dos sujeitos.