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CARACTERIZAÇÃO DO PROBLEMA A atividade curricular em comunidade (ACC) foi uma iniciativa de professores e estudantes da Pró-Reitoria de Extensão da Universidade Federal da Bahia (UFBA). É entendida como um exercício de construção da cidadania, que caracteriza-se como atividade pedagógica de articulação ensino/pesquisa e sociedade e de formação da cidadania profissional dos estudantes. É vista como uma oportunidade para a comunidade interagir com a Universidade, construindo parcerias, para usufruir da contribuição que o saber acadêmico tem a dar na identificação, análise e enfrentamento seus problemas. Por constituir-se com componente curricular, a ACC funciona como os demais componentes curriculares com caráter de obrigatoriedade, carga horária, creditação e finalidade acadêmica. Tema relacionado para essa ACC é o cuidado transdisciplinar do corpo como consciência – CUIDADOTECA, conhecimento produzido como tecnologia de processo para a transformação dos problemas oriundos da violência urbana que elevam os indicadores de morbimortalidade de doença por causas externas (acidentes de trânsito, assassinato e suicídio), e doença crônico-degenerativa não transmissível e transmissível. Foi desenvolvida a partir da tese defendida em 2005, como requisito parcial para obtenção do título de doutor, apresentada no Programa de Pós-Graduação da Universidade Federal do Ceará. Aprovada como ACC no segundo semestre de 2010 tendo sido oferecida no primeiro e segundo semestre de 2011 com previsão de oferta para o primeiro semestre de 2012. Tem como objetivo relatar a experiência da transferência do conhecimento científico produzido para o ensino da graduação e junto comum grupo de graduandos em enfermagem, medicina, serviço social, direito, psicólogos, gestar o compromisso de colocar esse saber acadêmico a serviço das parcelas da população que dele são privadas e que podem ser por ele beneficiadas, principalmente as comunidades carentes. DESCRIÇÃO DA EXPERIÊNCIA O acolhimento entre os sujeitos ocorreu na comunidade carente do STIEP em Salvador/Ba. Com mulheres maduras a partir dos 30 anos, pertencentes à classe social de baixa renda, pouca escolaridade, sofrendo pela grande influencia do tráfico de drogas, desemprego, e mortalidade por causas externas. Os autores envolvidos, enquanto facilitadores do trabalho participaram desde a organização do evento na comunidade bem como a programação de atividades lúdicas, interativas e rodas de conversas e todas elas juntas fizeram com que mulheres e autores se sentissem a cada encontro, mesmo que aos poucos: mais descontraídos, livres, confiantes e apreensivos pela próxima atividade. Os maiores objetivos foram fazer com que essas pessoas deixassem o papel de paciente dos encontros e se tornassem sujeitos em conjunto com os autores, porém para que isso ocorresse foi preciso favorecer o desenvolvimento do potencial humano utilizando o próprio corpo e desenvolver ações educativas e terapêuticas. O contexto teórico foi fundamentado no estudo da fenomenologia de Merleau-Ponty e em noções da física quântica, além de outras literaturas. O foco foi perceber as conseqüências da auto-percepção das pessoas para os seus corpos usando os cinco sentidos como ferramentas. As dinâmicas vividas com essas mulheres representam mudanças significativas em suas vidas, elas aprendem a partir do autocuidado despertar consciência do eu com a finalidade de resolver problemas, inquietações que não são vistas pelo outro e sim sentidas de forma individual, particular de cada um. As experiências vividas nas comunidades proporcionam um grande aprendizado não apenas as mulheres, mas também ao grupo de estudantes que por meio dessa atividade torna um olhar mais sensível ao seu corpo próprio e o outro. No momento da partilha em muitas falas são expressas satisfação, alegria, paz, tranquilidade, novas perspectivas de vida, isso traduz em bem estar, ou seja, produção de saúde através da tecnologia do sentir. A experiência de poder interagir com a comunidade, saber um pouco sobre a realidade de cada uma ali presente, o que elas sentiam e o reconhecimento delas conosco (facilitadores) foi muito gratificante. A cada novo encontro, a cada oficina realizada era um aprendizado maior. Pudemos ver mulheres chorarem se emocionando com nosso trabalho e pedindo que voltássemos. Vale ressaltar também a importância do trabalho em equipe tanto para nós estudantes como seres humanos em processo de evolução. EFEITOS ALCANÇADOS Os efeitos alcançados desta experiência constam na tese intitulada O sentido e o significado do corpo próprio do profissional de saúde ao cuidar do outro morrendo: uma abordagem à luz de Merleau-Ponty, em que é descrita a tecnologia de processo da CUIDADOTECA, nos documentos da Pró-Reitoria de Extensão que implantou a ACC, nos relatórios que constam a vivência dos graduandos que se matricularam nesse componente curricular e a comunidade envolvida. A seguir desenvolver os tópicos: A proposta da ACC – como surgiu; Descrição das etapas – objetivos; Desenvolvimento; Resultado. Norteada pelos resultados da tese e com a compreensão do caráter multi-inter e transdisciplinar da realidade com uma abordagem quântica, holográfica e fenomenológica, superando a visão fragmentada e fragmentária que possibilitou o desenvolvimento de novas tecnologias de cuidar para alcance da população mais carente. Norteados por este resultado foi proposta a realização de uma ação educativa no formato de feira de saúde, a desenvolver-se pelos alunos integrantes do núcleo ATIVAR. Foi elaborado um projeto de ação extensionista e registrado institucionalmente. As temáticas escolhidas foram fundamentadas pela revisão de literatura realizada pelos alunos. Cada aluno foi encarregado de estudar uma temática referente a cada estande de atuação. Ademais, desenvolver de forma criativa recursos áudio-visuais e logísticos para compor a feira. RECOMENDAÇÕES As atividades foram de suma importância para que as ações inovadoras e desconhecidas fossem compartilhadas não apenas na teoria e entre os alunos, mas também que extrapolasse a área acadêmica. A integração entre os sujeitos ocorreu a partir do uso da Dança da vida, aromaterapia, gastronomia, dentre outras. Conseguimos estreitar as desigualdades sociais e melhorarmos a saúde dessa população durante ao que as mulheres chamavam de “palestras” nas quais se sentiam a vontade de fazer qualquer tipo de pergunta do tema do dia, outros relataram que a convivência fez repensarem e valorizarem as suas vidas e o mais chocante: nós autores tratavam-nas como “pessoas normais, ”sem preconceitos.