Rede Unida, 10º Congresso Internacional da Rede Unida


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ATUAÇÃO DOS AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE EM PRÁTICAS EDUCATIVAS COM METODOLOGIAS ATIVAS: POTENCIALIDADES E FRAGILIDADES
Elaine Franco dos Santos Araujo, Elisabete Pimenta Araujo Paz

Resumo


Trata-se de um estudo de natureza qualitativa com abordagem descritivo-exploratória acerca da atuação dos Agentes Comunitários de Saúde (ACS) na realização da educação em saúde. Dentre as atribuições específicas dos ACS, cabe-lhes o papel de desenvolver ações educativas e atividades de promoção da saúde, de prevenção das doenças e de vigilância à saúde, por meio de ações educativas individuais e coletivas nos domicílios e na comunidade, o que muitas vezes, tem sido pouco explorado pelas equipes e comunidade local. Os objetivos deste estudo foram: Implementar modificações na dinâmica de trabalho das Unidades de Saúde da Família através da inserção dos ACS como facilitadores das práticas educativas em saúde, a partir do aprimoramento de sua capacidade para a utilização de metodologias ativas de aprendizagem. Em seguida, Avaliar a atuação dos ACS como facilitadores das práticas educativas realizadas nas Unidades de Saúde da Família (USF) e Analisar as perspectivas de mudanças no cotidiano do processo de trabalho das unidades. O estudo foi realizado em duas USF da Zona Oeste do Município do Rio de Janeiro, a partir de um roteiro de entrevista semi-estruturada com os ACS após sua atuação como facilitadores de atividades de educação em saúde junto aos usuários. Inicialmente, as enfermeiras das equipes realizaram um treinamento, que consistia em trabalhar métodos ativos de aprendizagem, onde as dinâmicas de grupo e a troca de informações eram estimuladas. Além dos temas voltados para o ensino-aprendizagem, foi feita também uma revisão de temas relacionados à promoção de saúde, a fim de proporcionar mais conhecimentos e segurança para os ACS se sentirem mais capacitados para trabalhar sobre estes assuntos com a comunidade. Após o treinamento, foi elaborada uma agenda de reuniões, onde ficou definido o público alvo, os dias, horários e temas das reuniões. Desta forma, os agentes assumiram as atividades educativas das Unidades e após uma ou duas reuniões realizadas sob a coordenação deles, procedia-se a entrevista, a fim de verificar como avaliavam as mudanças ocorridas, bem como sua atuação nesta atividade e quais as possibilidades de melhorias para a mesma. Para analisar as entrevistas, foram elaboradas três categorias: A primeira categoria, referente às mudanças ocasionadas pelas práticas educativas realizadas pelos agentes comunitários, foi subdividida em três subcategoiras: mudanças ocorridas em relação à equipe de Saúde da Família; mudanças frente à comunidade e, mudanças ocorridas na dinâmica de trabalho das unidades. A segunda categoria de análise, relacionada à autoavaliação da atuação dos agentes nas práticas educativas, foi subdividida em duas: os aspectos positivos (maior autonomia e reconhecimento da comunidade; trabalho mais gratificante; aprimoramento profissional; sensação de utilidade e importância; maior motivação) e os negativos (limitações individuais; falta de preparo; falta de tempo e organização para realização das atividades de educação permanente). Finalmente, a terceira categoria, que apresenta as perspectivas de mudanças no processo de trabalho, foi dividida em duas subcategorias: uma relacionada à educação permanente dos agentes (capacitações com profissionais especializados para maior aprofundamento dos temas; melhor organização e planejamento; mais materiais educativos e recursos para estudar e maior dinamismo) e outra sobre as mudanças que poderiam ser realizadas para melhorar seu desempenho (maior participação e apoio da comunidade; maior valorização e estímulo; disponibilidade de materiais educativos para distribuir; maior organização e planejamento das atividades educativas). Acreditamos que os resultados deste estudo contribuíram para o incremento das ações desenvolvidas pelos ACS nas práticas educativas das USF, a partir da participação ativa do ACS, como facilitadores da educação em saúde nas comunidades e apontam para a necessidade de maiores investimentos na formação e treinamento dos agentes comunitários para que eles possam se apropriar efetivamente de uma atividade que é deles por definição, que é a promoção de saúde na comunidade, da qual ele é o elo com a Unidade de Saúde.