Rede Unida, 10º Congresso Internacional da Rede Unida


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Avaliação do curso básico de informática por alunos da ESP/ETSUS e comunidade
Alexandre Gamba Menezes

Resumo


Avaliação do curso básico de informática por alunos da ESP/ETSUS e comunidadeINTRODUÇÃO. A tecnologia da Informação e o computador vêm tendo múltiplas aplicações na área da saúde iniciando com os grandes sistemas de informação hospitalar, evoluindo para o processamento de imagens e sinais, e sistemas de apoio à saúde. Nesse contexto sofisticado os trabalhadores em saúde e comunidade em geral estão inseridos; pois, embora a informática não seja ainda uma realidade para a maioria das instituições de saúde, a tendência nesses serviços é o avanço da mesma. Com isso, a familiarização dos trabalhadores e comunidade, traz esclarecimentos dissipando mitos sobre o papel desempenhado pelo computador e também as atitudes negativas em relação a seu uso. Tal objetivo pode ser atingido, desenvolvendo formas de introduzir o computador para que destruam tais crenças e contribuam para a formação de percepções realistas, dando uma idéia clara das potencialidades e limitações da informática, mostrando ao aluno que o computador não é um fim em si mesmo, mas um instrumento para atingir outros objetivos, tais como preparar um relatório, elaborar um plano de cuidados, comunicar-se com outros usuários, criar comunidades sociais, dentre outros. No Brasil, em 1986, o relatório da Comissão Especial de Informática em Saúde (SEI), do então Ministério da Ciência e Tecnologia citou a importância da inserção dos profissionais da área da saúde, no uso do computador. Esse documento, congregando opiniões dos mais diversos setores (profissionais de informática em saúde, órgãos prestadores de serviços e instituições acadêmicas), apontou diretrizes de um programa nacional para a área, incluindo aspectos dos serviços de saúde, assistência, pesquisa e a formação dos recursos humanos. Os sistemas de informação gerenciais e clínicos são uma realidade no ambiente hospitalar e sua tendência nos próximos anos, é a evolução. Assim, usuários tais como gestores, profissionais e outros, solicitarão preparo e treino específicos, já que estarão manejando esses sistemas nas atividades de assistência ao paciente e na gerência institucional. A tomada de decisões adequadas, baseadas em informações confiáveis se constitui, no curto prazo, num fator de pressão externa para que a informática seja introduzida na formação desses profissionais. Os computadores são reconhecidos, atualmente, como importantes instrumentos de ensino, devido aos benefícios proporcionados por suas capacidades, limitadas apenas pela criatividade do usuário, pela sua mobilidade e custo relativamente baixo quando comparado aos seus recursos, incluindo a habilidade para armazenar, manipular e processar informações. No Brasil, foi desenvolvido um estudo para identificar as necessidades dos profissionais de saúde no ensino da computação médica, conduzido sob os auspícios da Federação Internacional de Processamento de Informações. Nesta pesquisa, os países desenvolvidos concluíram que todos os profissionais que atuam na área da saúde deveriam ter um conhecimento geral sobre o uso do computador e processamento de dados e que esse conteúdo deveria ser incluído nos currículos dos cursos da área. O relatório elaborado sugeriu que os trabalhadores da saúde fossem educados para contribuir, efetivamente, no desenvolvimento de sistemas automatizados. No Brasil, os problemas levantados no tocante à introdução da informática na educação dos profissionais de saúde, não parecem ser muito diferentes dos encontrados em outros paises. Contudo, trata-se de especulações, fruto da vivência, pois afirmações mais categóricas nesse âmbito, somente se forem obtidas através de investigações científicas. O curso "Informática básica aplicado à Saúde" foi elaborado em 2010, tendo como objetivos: apresentar uma visão geral sobre o processamento de informação, difundir a cultura da informática e suas aplicações na área da saúde e familiarizar os trabalhadores do SUS e comunidade com o computador para que possa utilizá-lo na sua prática profissional e social. O conteúdo programático aborda alguns aspectos teóricos da informática e sua utilização na sociedade atual, componentes e funcionamento de um computador, aplicações e impactos da informática nas organizações de saúde e no cotidiano, quando são introduzidos conceitos sobre programas aplicativos de uso geral (processador de textos, planilha eletrônica e apresentador de dados) e inclusão digital. Desde o início da implementação deste curso, tinha-se em mente utilizar o computador como instrumento para criar espaços interdisciplinares e para definir uma rede de relações e significados entre as diversas áreas da saúde. Isso porque, a literatura a respeito da inserção da informática no ensino, adverte para o fato de que essa nova ciência não deve ser ensinada num vácuo, mas integrada com práticas cotidianas de trabalho. Acresça-se que essa integração propiciaria um real florescimento da experiência em computação transformando-a num instrumento de ruptura das fronteiras tradicionais entre fragmentos do saber. Assim, o presente estudo se propõe a investigar a opinião dos alunos do Curso Básico de Informática da ESP/ETSUS-RS sobre o aprendizado de Informática e sua aplicação no cotidiano. OBJETIVO. O I Curso de Informática Básica da ETSUS/ESP teve como objetivo principal capacitar o aluno para o uso básico de uma Planilha Eletrônica, um Processador de Textos e de um Software de Apresentações, usando como exemplo de aplicação os módulos do Microsoft Office ® ou similar. A ementa adotada foi desenvolvida utilizando a política nacional de ensino de informática do Ministério de Ciência e Tecnologia. A ementa compreende: Introdução às planilhas eletrônicas. Exemplificação teórico-prática de aplicação na planilha Excel da Microsoft. Estudo de suas características, facilidades e uso. Criação de planilhas com folhas de cálculo. Gerenciamento de arquivos, formatações e inserção de dados convenientes. Facilidades de formatação e impressão. Fórmulas, geração de gráficos, testes condicionais e pesquisas. Introdução aos editores eletrônicos de texto. Exemplificação teórico-prática de aplicação no editor Word da Microsoft. Estudo de suas características, facilidades e uso. Uso das barras de ferramentas via mouse e teclado. Modos de exibição, visualização, uso de arquivos e pastas, formatações e blocos de texto. Estudo do Word-Art. Criação de cabeçalhos e de rodapés, numeração de páginas, quebras, verificador ortográfico, texto jornalístico e tabelas. Introdução aos softwares de apresentação. Exemplificação teórico-prática de aplicação no Power Point da Microsoft. Estudo de suas características, facilidades e uso. Estudo de Slides, layout, apresentações no Power Point. Operações com arquivos, configuração e impressão. Modos de exibição e seleção de objetos. Comando layout do slide e aplicar estrutura. Formatações, barra de desenhos, configurar ação, autoformas e definir fundo. Slide mestre, efeitos, classificação de slides e recursos adicionais do software. METODO. A metodologia adotada para avaliação do curso foi qualitoquantitativa; pois, adotou-se um formulário (Anexo A) especialmente desenvolvido pela coordenação pedagógica para coletar as impressões dos alunos do curso. Este formulário teve a aprovação dos alunos para se constituir em ferramenta de avaliação do curso de informática básica. O Curso de Informática Básica ministrado na ETSUS/RS por docentes e especialistas em Saúde Pública com graduação em Ciências da Informação. A duração deste Curso é de 20h, sendo as aulas distribuídas em 20 dias, uma hora por dia. São usados métodos didático-pedagógicos expositivos (apostilas e manuais) e todos os softwares disponíveis no laboratório de informática da ETSUS/RS para as aulas. Essas aulas são diárias e capacitarão os alunos ao uso básico de softwares e aplicativos que constituam ferramentas de trabalho diárias conforme as demandas dos trabalhadores de saúde e da comunidade. A população de alunos do Curso é composta por profissionais que atuam na área da saúde, profissionais da área administrativa e de logística do SUS e pessoas da comunidade vizinha da ETSUS. As aulas do curso de básico de informática possuem a seguinte sistemática: Apresentação do conteúdo programático da aula através de apostila especialmente desenvolvida pela equipe pedagógica da ETSUS, Atividades práticas realizadas sob a forma de exercícios práticos em softwares disponíveis no laboratório de informática, Avaliação das atividades pela equipe docente e pelos alunos. As avaliações visam aprimorar a qualidade do curso e mensurar o nível de aprendizado dos alunos, bem como suas dificuldades individuais e problemáticas no uso das ferramentas e softwares aplicativos. O tratamento das respostas será expresso quantiqualitativamente baseando-se no formulário aplicado e na opinião dos alunos formalizada verbalmente e transcrita mantendo a verbalização original preservando suas identidades. RESULTADOS. Os dados foram agrupados em duas temáticas a fim de propiciar melhor compreensão dos resultados obtidos, os quais serão analisados e discutidos nos sub-itens que se seguem. Características da população: No que se refere aos dados demográficos, a população investigada constituiu-se predominantemente de mulheres, com 80,0%, e apenas 20,0% homens. Quanto à idade, predominou a faixa etária de alunos maiores de 30 anos com 70,0%, seguida da faixa etária compreendida entre os 20 a 30 anos, com 30,%. Cabe ressaltar ainda como característica dessa população, o fato de que 90%, dos alunos nunca operaram um computador, e os demais 10% relataram experiência bastante diversificada (alguns sabiam apenas digitação e outros dominavam processadores de texto). Quanto às características pessoais apresentadas durante as aulas do Curso Básico de Informática apenas 30% dos alunos relataram que aprende com rapidez e facilidade, sendo que 70% afirmaram ter dificuldade para aprender coisas novas e que precisa de mais aulas para aprender. Entretanto, 80% dos alunos afirmaram gostar de idéias novas, ter boa memória e fazer perguntas em aula, sempre que necessário. Somente 20% dos alunos afirmaram ser seguros e confiantes em aula e 40% assinalaram serem impacientes apesar de terem facilidade para expressar suas idéias. Destaca-se que 50% dos alunos afirmaram auxiliarem os colegas em suas dificuldades de aprendizado. O mais importante foi que 100% dos alunos assinalaram desejar aprofundar os assuntos trabalhados. Avaliação do Curso: A grande maioria dos alunos, ou seja, 98,7% deles consideram uma iniciativa importante, a inclusão do Curso como atividade curricular da ETSUS. Tal posicionamento pode ser explicado através das diversas justificativas que os alunos emitiram sobre o assunto quando questionados “o que eu considero proveitoso nas aulas de Informática?” ;“É interessante que as escolas tenham computadores disponíveis aos alunos. É uma oportunidade de estar atualizado e buscar qualquer tipo de informação. Além disso, os computadores despertam o interesse dos alunos para as aulas. O governo precisa assumir a responsabilidade de colocar a informática nos colégios. Essa é uma necessidade hoje em dia.” ; “É muito importante utilizar a informática. A internet facilita a busca pelo conhecimento e aumenta as possibilidades de pesquisa. Há muitos estudantes que não têm contato com essas tecnologias em casa, por conta da condição financeira, e é importante que a escola ofereça essa oportunidade.” ; “Poder aprender a usar os programas e as coisas de computador facilitam meu trabalho e me deixam descobrir coisas novas todos os dias.” ; “Aprender a usar o computador me deixa mais perto dos amigos e me ajuda a fazer meu serviço mais rápido.” As justificativas extraídas do formulário refletem uma demanda de formação; pois, segundo Fagundes (2010) “O computador não é uma ferramenta, é um novo ambiente digital. Foi desenvolvido dentro de um novo paradigma, que não privilegia o ensino como transmissão, pois foi concebido como um recurso para enriquecer ambientes de aprendizagem.” Quando questionados sobre “O que precisa ser melhorado nas aulas de Informática?”, 80% dos alunos afirmaram que nada precisaria ser melhorado pois estava plenamente satisfeitos com todo conhecimento que receberam e que as apostilas ajudariam a manter o aprendizado. Entretanto, 20% dos alunos responderam que queriam mais aulas de um determinado software, isso indica a demanda por um curso direcionado a softwares específicos que podem ser usados para facilitar as atividades diárias tanto de trabalho quanto de lazer. CONCLUSÃO. Atualmente, as necessidades de integração da informática aos processos sociais produtivos e educacionais constituem um conhecimento comum visando favorecer a construção de um novo saber. Contudo, na realidade da educação em saúde, poucas mudanças têm sido introduzidas nesse sentido, fato que não deve causar espanto, uma vez que nas Instituições de saúde, de maneira geral, os avanços têm ocorrido de maneira restrita. Outra questão a ser assinalada refere-se ao fato de que o uso dessa tecnologia requer o preparo dos trabalhadores na aquisição de novas habilidades que serão necessárias para viver num meio informatizado e para saber explorar, no seu cotidiano, no mundo do trabalho, as potencialidades que lhe oferece. Segundo observado neste estudo parece que na percepção dos alunos a introdução da informática na saúde é um fato incontestável e que poderá beneficiar todos os trabalhadores. O quanto isso se constituirá na realidade do cotidiano da prática, é algo ainda a ser observado. O que se tem de concreto é que na sociedade moderna, a informação se apresenta como um recurso básico, a preponderância do bem informação sobre os outros bens é um fato. E o seu manuseio solicita dos indivíduos novos conhecimentos e o uso de máquinas e programas capazes de tratar adequadamente essas informações. Cabe aos trabalhadores romperem com as primeiras barreiras, os medos, principalmente o de ser incapaz ou o de ser substituído pela máquina, bem como os preconceitos, atribuindo ao computador qualidades tais como "ser" alienante, dominador da vontade humana. Enquanto responsáveis pelo curso, mediante os dados obtidos a partir dos alunos, foi possível constatar que há um longo caminho a percorrer até a obtenção de um programa de curso mais adequado, bem como de práticas didáticas específicas, mais eficazes para atingir essa clientela. O ter consciência das deficiências e das limitações levou à necessidade de um retorno do aluno, que permitisse detectar mais concretamente, aquilo que os docentes intuíam, a respeito do curso que estavam ministrando. As críticas e sugestões foram aceitas com humildade e discussões a esse respeito já estão sendo promovidas. Parece evidente, que o processo ensino-aprendizagem tende a ocorrer de maneira distinta dos moldes do passado, o docente não é mais a única fonte de informação, tampouco é possível ignorar-se a interferência da informática nas práticas educacionais da atualidade. Atualmente, os indivíduos de qualquer classe social, cor, credo ou nível instrucional sem dúvida precisam aprender a usar Word, Excel, PowerPoint - ferramentas da Microsoft hoje utilizadas de forma generalizada no mercado de trabalho. Mas eles precisam também aprender o que é que podem fazer, com Word, Excel, e PowerPoint para construir competências que possam se traduzir na melhoria da qualidade de sua vida. O desafio maior não é conseguir que os participantes venham a digitar em Word um texto que lhes é previamente fornecido pela apostila: é que, usando Word, aprendam a escrever uma carta, a redigir um currículo, a fazer uma proposta de trabalho. O desafio maior não é conseguir que venham a introduzir fórmulas em Excel que façam com que o programa some automaticamente uma coluna de números: é que aprendam para que servem planilhas eletrônicas, como Excel pode ser usado para planejar e controlar finanças ou estoques, para acompanhar fluxo de caixa, para estabelecer preços. O desafio maior não é conseguir que venham a elaborar alguns slides em PowerPoint: é que aprendam a falar em público (pelo menos em seus rudimentos) com a ajuda de PowerPoint.