Rede Unida, 10º Congresso Internacional da Rede Unida


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Acolhimento na Atenção Primária à Saúde: dispositivo disparador de mudanças na organização do processo de trabalho?
Leda Maria Leal de Oliveira, Sabrina Alves Ribeiro Barra

Resumo


O presente estudo aborda o acolhimento em sua relação com a (re)organização do processo de trabalho na Atenção Primária à Saúde. O estudo partiu do pressuposto de que no campo da saúde, o acolhimento sobressai como uma tecnologia leve capaz de reorganizar o processo de trabalho através da escuta qualificada, vínculo e trabalho em equipe. Enquanto técnica de organização dos serviços e de qualificação da assistência é capaz de contribuir para o fortalecimento da Atenção Primária à Saúde, enquanto um nível de atenção que tem como foco as ações de prevenção e promoção da saúde e acompanhamento longitudinal dos usuários. Permite, assim, a construção de um trabalho centrado no usuário, com ênfase na saúde e não na doença. A partir dessas reflexões foi realizada a monografia, através do curso de Especialização em Políticas e Pesquisa em Saúde Coletiva/Residência em Saúde da Família/UFJF, tendo como objeto a relação entre o acolhimento e a organização do processo de trabalho na APS. A metodologia utilizada pautou-se na abordagem qualitativa, a partir da realização de entrevistas semi-estruturadas, e o cenário da pesquisa constituiu-se na Unidade Básica de Saúde Parque Guarani, localizada em Juiz de Fora/MG, onde os profissionais incorporaram a prática do acolhimento desde 2002. A pesquisa de campo foi realizada com onze profissionais integrantes da equipe de saúde da família da referida Unidade: agentes comunitários de saúde, assistentes sociais, enfermeiros, médicos e técnicos de enfermagem. Os resultados do estudo mostraram que o acolhimento ocupa lugar central na organização do trabalho da Unidade, funcionando ora como um dispositivo humanizador da assistência e gerador de mudanças no processo de trabalho, ora como um mecanismo de organização da demanda e otimização do serviço. Funciona mais como um organizador do serviço, enquanto as possibilidades de reorganização na busca por um novo modelo de atenção, ainda se mostram como um desafio que perpassa os campos da micropolítica e macropolítica da saúde.