Rede Unida, 10º Congresso Internacional da Rede Unida


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Acompanhamento Psicossocial Grupal com Crianças em Situação de Violação de Direitos
Fábio Cristiano Meneghini Bueno

Resumo


Caracterização do problema: Em São Leopoldo o PAEFI pode ser descrito como um serviço de apoio, orientação e acompanhamento a crianças e adolescentes e suas famílias em situação de ameaça ou violação de direitos. Compreende atenções e orientações direcionadas para a promoção de direitos, a preservação e o fortalecimento de vínculos familiares, comunitários e sociais e para o fortalecimento da função protetiva das famílias diante do conjunto de condições que as vulnerabilizam e/ou as submetem a situações de risco pessoal e social. Os usuários do PAEFI vivenciam violações de direitos por ocorrências de violência física, psicológica, negligência grave, violência sexual (abuso e/ou exploração sexual) e vivência de trabalho infantil. O atendimento fundamenta-se no respeito à heterogeneidade, potencialidades, valores, crenças e identidades das famílias. O serviço articula-se com as atividades e atenções prestadas às famílias nos demais serviços socioassistenciais, nas diversas políticas públicas e com os demais órgãos do Sistema de Garantia de Direitos¹ (SGD). Deve garantir atendimento imediato e providências necessárias para a inclusão da família e seus membros em serviços socioassistenciais e/ou em programas de transferência de renda, de forma a qualificar a intervenção e restaurar o direito violado. Descrição da ExperiênciaO acompanhamento psicossocial grupal é realizado com 24 (vinte e quatro) crianças distribuídas em 4 (quatro) grupos de acordo com as idades. A freqüência ao grupo deverá ser semanal. Destaca-se entre os critérios de seleção que a criança possua de 6 até 11 anos e resida em São Leopoldo. Esta seleção conta com a avaliação da equipe do serviço de Proteção e Atendimento Especializado em Famílias e Indivíduos (PAEFI), formada por assistente social, educador(a) social, psicólogo(a), e estagiários(as) de psicologia. Além destes, poderão participar da seleção as demais equipes que compõe o CREAS, o Serviço Especializado de Abordagem Social (SEAS), o serviço de Proteção a Pessoas Com Deficiência, Idosos e Famílias (PCDIF) e o serviço de Medidas Sócio-Educativas (MSE) entre outros serviços e entidades ligadas ao acompanhamento psicossocial desta população adscrita. A equipe técnica organiza os grupos a partir do interesse das crianças, assim como deve combater a evasão. Neste sentido, os profissionais devem zelar pela permanência das crianças no grupo, o qual prevê uma média de 12 encontros, dependendo do plano de atendimento familiar. Este plano será realizado pela equipe de acompanhamento que priorizará a melhor forma de acompanhamento com a família, podendo ser através de orientações jurídicas, atendimentos familiares, em grupo ou individuais. Os grupos são coordenados em dupla, terapeuta e co-terapeuta e trabalham com os temas que surgirem e forem escolhidos pelas crianças do encontro. Os grupos são abertos, com duração de 90 minutos e com um mínimo de doze encontros. Os grupos são formados com um mínimo de três integrantes. Para as crianças de até oito anos o grupo é formado pelo máximo de cinco participantes. Para as crianças de até 12 anos será formado pelo máximo de sete participantes. Para o andamento adequado dos atendimentos psicossociais em grupo, terapeuta e co-terapeutas fazem ao final de cada encontro a apreciação do trabalho realizado e os registros nas fichas de atendimentos. A dupla de terapeutas também deve elaborar conjuntamente o planejamento a ser realizado. Além da apreciação, do registro e do planejamento, os terapeutas buscarão conciliar teoria e prática, através do estudo de alguns textos sobre práticas grupais com crianças. Além do acompanhamento com as crianças são realizados acompanhamentos com os familiares, os quais são convidados a participar uma vez ao mês do grupo de cuidadores. Será escolhida uma das semanas do mês para realizarem-se estes grupos. Na semana escolhida pelos terapeutas, o horário do grupo será realizado com os cuidadores das crianças. Para as crianças que vierem nestes dias, serão realizadas atividades de educação social. Os terapeutas e co-terapeutas realizam mensalmente avaliação das famílias acompanhadas. Quando necessário estas famílias serão acionadas através de contatos telefônicos e visitas domiciliares. Todos os serviços por onde transita a criança deverão ser contatados. Neste sentido, o acompanhamento psicossocial grupal leva a equipe a fazer vínculo e a compreender a dinâmica das famílias ligadas ao PAEFI. Efeitos alcançadosCom o acompanhamento psicossocial grupal a criança tem acesso a descobrir diferentes formas de lidar com suas potencialidades e limites, através de um espaço terapêutico grupal em que ela conviva, fale ou brinque de expressar livremente seus conflitos. Além disso, o espaço terapêutico grupal favorece a elaboração das vivências traumáticas; promove uma aprendizagem e coloca alternativas de resolução não violenta nas relações de conflito; gera novos modelos de vínculo e demonstra, através dos coordenadores, a existência de adultos protetores não violentos.RecomendaçõesPara o referencial teórico dos terapeutas e co-terapeutas utilizam-se alguns textos, nos quais a condição de brincar esteja vinculada ao tratamento de crianças vítimas de maus tratos. Quando as crianças fazem a brincadeira, representam a situação de violência vivida, ao fazerem isto em grupo, rompem com o isolamento, o que possibilita alternativas da criança lidar com o problema. [1] Sistema de Garantia de Direitos é composto por Rede Socioassisntencial, Juizado da Infância e Juventude, Ministério Público, Rede Pública de Saúde , Educação, Assistência Social, Delegacias de Polícia, Conselho da Criança e Adolescente e Conselho Tutelar.