Rede Unida, 10º Congresso Internacional da Rede Unida


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Acompanhamento Terapêutico: Dispositivo potencializador da clínica da invenção
Gabrieli Machado

Resumo


Caracterização do problemaA prática de Acompanhamento Terapêutico (AT) foi ideologicamente influenciada pela movimentação política da Reforma Psiquiátrica sendo utilizada no Brasil a partir das décadas de 1960 e 1970. O AT tem como principal característica o “setting” ampliado, baseado na clínica em movimento: uma clínica com “espírito de inovação”. Esse relato visa apresentar uma reflexão sobre as potencialidades dessa prática, a partir de uma experiência relacionada ao processo de reabilitação psicossocial de um usuário do serviço de saúde mental CAPS II Adulto do Grupo Hospitalar Conceição, em encontros semanais desenvolvidos no ano de 2011 .Descrição da experiênciaA utilização do AT como dispositivo clínico iniciou-se com a apresentação entre os sujeitos (acompanhante e acompanhado) bem como uma conversa sobre as finalidades deste ato terapêutico. Nesse momento foi firmado um acordo de que seu desenvolvimento se daria através de “encontros” e de constantes trocas. A partir disso, todo o processo do cuidado foi desenvolvido “em ato”. Reconhece-se a existência de um processo de aprendizagem e descoberta, respeitando os limites do/no outro. Assim, a aposta tem sido no potencial criativo de se colocar no mundo desafiando os limites na tentativa de reorganização pessoal.Efeitos alcançadosDurante este período de encontros houve alternâncias nos diferentes espaços sociais do território (incluíndo a própria cidade como potente disparador do processo terapêutico), finalizando o período na própria casa do usuário. É importante nesse trabalho atenção às singularidades de cada sujeito, sempre atentos às possibilidades do inusitado. Mesmo com essa configuração imprevisível, o AT vem se fortificando como dispositivo potencializador importante na atenção ao paciente em sofrimento psíquico, além de contribuir paralelamente como exemplo de possibilidades para transformações nas políticas públicas em saúde mental.RecomendaçõesAs ações terapêuticas dos serviços de saúde mental que ocorrem por meio de estratégias não tradicionais, como o AT, favorecem a atuação para o atendimento em um contexto articulado entre o âmbito individual, social e cultural. Ao focar no princípio da singularidade e nas práticas no contexto da atenção psicossocial, esse recurso evidencia a necessidade da dedicação específica do profissional de saúde na direção de mudanças de concepções, de atitudes e de perspectivas terapêuticas – em busca da qualificação do cuidado em saúde mental.