Rede Unida, 10º Congresso Internacional da Rede Unida


Tamanho da fonte: 
Campanhas educativas sobre doenças cronicas: efetivas ou incompreendidas?
Elizabeth Alves de Jesus, Ludmila Santos Silva

Resumo


Ao analisar os modelos hegemônicos de atenção a saúde no Brasil, pode-se observar que o sistema de saúde não está preparado para enfrentar o novo perfil epidemiológico, em que as doenças crônicas estão cada vez mais freqüentes na vida dos brasileiros. Segundo Schimidt et al. (2011, p. 127) “a morbimortalidade causada pelas DCNT é maior na população mais pobre. As doenças cardiovasculares foram e continuam a ser, apesar da diminuição, a principal causa de morte no Brasil e geram o maior custo referente a internações hospitalares no sistema de saúde nacional”. De acordo com os dados do Ministério da Saúde (2011), 400 mil brasileiros morrem todos os anos pela falta de cuidados com a saúde, sendo que a diabetes e a hipertensão estão na lista de doenças responsáveis por 40% dessas mortes. Medidas de prevenção, com a utilização de cartazes e panfletos, são adotadas principalmente por Unidades e Centros de Saúde para conscientizar a população. O presente estudo objetiva verificar se as mensagens de cunho preventivo sobre a diabetes e hipertensão contidas em cartazes e panfletos, financiados pelo Ministério da Saúde, são transmitidas á população de forma clara e se de fato são interpretadas. Para isso, foram convidados a participar do estudo 10 integrantes dos projetos: “Raios de Sol” e “Doce Desafio”. Tais projetos oferecem a prática regular de atividades físicas ás pessoas acometidas pelas condições de saúde de Hipertensão e/ ou Diabetes Mellitus (tipo II). A amostra foi constituída por 20 participantes sendo 16 do sexo feminino e 04 do sexo masculino, com idade entre 56 e 81 anos. O método utilizado foi a realização de entrevistas semi- estruturadas. O primeiro momento estava destinado a coleta de dados, o segundo consistiu na apresentação de cartazes a cada entrevistado e coleta dos depoimentos dos mesmos em relação a interpretação das imagens exibidas e, por fim, o terceiro momento que se caracterizou pela entrega de folders para cada participante e o registro da reação acerca das informações contidas no material entregue. Os resultados apontaram que a interpretação do material exposto determina-se pela escolaridade e interação dos mesmos com o projeto. Muitos afirmaram não encontrar cartazes e panfletos nas visitas aos estabelecimentos de saúde e demostraram não acreditar na influência que o material poderia exercer sobre a mudança de estilo de vida, sendo a informação dada por profissionais e a participação em tais projetos a maiores influenciadoras nas mudanças de hábitos dos entrevistados. As campanhas realizadas, para prevenir ou trazer informações sobre determinados agravos e doenças, são importantes para conscientizar e promover saúde á população. Todavía, não devem ser aplicadas individualmente e sim articuladas com ações de educação permanente, que envolvam a participação da comunidade e que sejam realizadas de forma contínua. Paim (2010, p. 571) afirma “temos que aceitar o desafio de investigar qual a combinação de tecnologias e abordagens mais adequadas para a solução de problemas derivados de diferentes perfis epidemiológicos e para o atendimento integral de necessidades de saúde, individuais e coletivas, nos distintos territórios do país”.