Rede Unida, 10º Congresso Internacional da Rede Unida


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Capacitação de professores da Educação de Jovens e Adultos (EJA) na prevenção ao uso abusivo de drogas e violência: relato do projeto “Juventude Ligada na Vida”
Luciane Marques Raupp, Eva Fayos Garcia, Nair Paim Kessler, Marilene Egger Alves, Indaia Fonseca Fonseca, Leticia Domingues Zapelline, Letícia Cheuiche Rodrigues, Leticia Quarti Soares

Resumo


Caracterização do problema: Segundo o último Levantamento Nacional sobre o Consumo de Drogas (2004) entre estudantes do ensino fundamental e médio, a região Sul apresentava a mais alta prevalência de uso de crack e Porto Alegre os maiores índices de uso na vida da droga. Frente à gravidade da questão e sua associação à exclusão social e violência urbana, uma ação conjunta entre secretarias municipais e instituições da sociedade civil criou um projeto de prevenção ao uso abusivo de drogas e à violência destinado a professores, alunos e à comunidade de escolas municipais localizadas em bolsões de pobreza na cidade de Porto Alegre denominado Juventude Ligada na Vida. Descrição da experiência: De maio a dezembro de 2010 foram realizados 23 encontros divididos entre as quatro escolas sede. A capacitação foi realizada pela equipe do setor de Prevenção da Cruz Vermelha Brasileira/RS, composta por oito voluntárias (psicólogas e educadoras). Optou-se por uma perspectiva de Prevenção Ampliada a qual, para além da descrição de drogas e seus efeitos, abarcasse aspectos do desenvolvimento integral dos jovens e fatores de risco e proteção a esse processo - entre os quais as drogas eram compreendidas como parte do cotidiano dessas comunidades. Nesse sentido, temas como valorização da vida, múltiplas inteligências, infância, adolescência, família, relação professor-aluno, violência, prevenção e tratamento compuseram o programa. Dificuldades oriundas do cotidiano das escolas públicas em regiões pobres e com tráfico de drogas fizeram-se presentes, demonstrando a árdua tarefa do professor em tais contextos, os quais reclamavam da sobrecarga de trabalho, pouca participação das famílias, falta de rede de apoio e da distância entre a formação universitária e seu cotidiano de trabalho. Nesse contexto, a realização de programas preventivos era vista como “um trabalho a mais”, gerando resistências nas equipes. Efeitos alcançados: Consideramos que a opção por uma Prevenção Ampliada gerou um estranhamento e resistências iniciais em relação ao conteúdo - dada as expectativas de um curso com foco apenas no manejo de usuários de drogas – as quais foram superadas gradualmente, possibilitando um debate amplo sobre as relações entre as drogas e a sociedade atual, diminuindo estigmas. Recomendações: Destacamos a importância de investimentos na formação continuada de professores sob a ótica da prevenção ampliada e da redução de vulnerabilidades.