Rede Unida, 10º Congresso Internacional da Rede Unida


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Aids para além do físico
Ocilene Fernandes Barreto

Resumo


Caraterização do problema: Ao “completar” 30 anos, a epidemia da aids imprimiu e consolidou muitas conquistas. Hoje a justiça não precisa mais ser acionada para garantir o acesso à medicação, o SUS a disponibiliza gratuitamente desde 1996. A droga utilizada como recurso medicamentoso mais eficiente era o AZT, hoje são os coquetéis - a terapia antirretroviral - um esquema medicamentoso muito mais eficaz no combate à aids. O termo “grupo de risco” foi substituído por “comportamento de risco”. As campanhas de conscientização não alertam mais sobre o risco de vida que ter aids implicaria, mas sobre a importância de saber sobre a sua condição de soropositivo. Não há mais o “aidético”, e sim o “soropositivo”. A evolução terapêutica possibilitou o casamento entre pessoas sorodiscordantes, assim como a perspectiva de ter filhos sem o risco de transmitir o HIV como “herança”. Descrição da experiência: Apesar das mudanças significativas, o diagnóstico e a doença ainda despertam o medo e a angústia na população em geral, pacientes ou não, a subversão da aids de doença “fatal” em doença “crônica” não apaziguou aqueles que lidam com essa perspectiva ou realidade. Efeitos alcançados: Os sintomas estão estendidos a efeitos psicológicos, constituídos e “colados” ao corpo às vezes já tão fustigado pelas doenças oportunistas, na clínica do HIV-aids há um sintoma para além do físico. Recomendações: O sintoma se faz pelo adoecimento físico, mas também é atravessado e amparado por sintomas psíquicos, indicando que as doenças oportunistas suscitadas pelo HIV, causando o óbito do sujeito são apenas a ponta de um gigante iceberg.