Rede Unida, 10º Congresso Internacional da Rede Unida


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Contribuições dos Estudos da Antropologia do Imaginário de Gilbert Durand aos profissionais que atuam na Política de Gestão e Atenção em Saúde Indígena no SUS.
Shirley M Monteiro

Resumo


Considerando percursos, perspectivas e desafios da Política Brasileira de Atenção à Saúde Indígena do Ministério da Saúde, e a complexidade de contextos culturais e epidemiológicos envolvidos, propomos reflexões para a esfera da formação e capacitação de gestores e profissionais de saúde que atuam nestes contextos socioculturais desafiadores, quanto às boas práticas de cuidado dentro do sentido de uma verdadeira atenção integral à saúde indígena. Nosso intuito é colaborar com uma abordagem teórico-prática pautada na aliança de saberes transdisciplinares, como proposta que viabiliza entendimentos mais sutis e profundos das múltiplas implicações entre etnicidade, desigualdades sociais, sujeições, e a possibilidade de preservação das subjetivações saudáveis, dentro de processos “saúde-doença-cuidado” que articulem necessários diálogos interculturais, fomentando nos profissionais de saúde posturas de alteridade, interesse, inclusão e não só respeito aos novos e diferentes saberes. Como psicóloga e profissional do SUS especialista em Gestão do Trabalho e Educação Permanente na Saúde (Ministério da Saúde/SGTES/ Fiocruz- 2011) apresento abordagem teórico-prática vivenciada em pesquisação de mestrado na UFPB, na linha de pesquisa “Espiritualidade no Trabalho em Saúde”, que integra também o Grupo de Pesquisa Hygia, criado em 2007 como proposta de estudos em Etnomedicina, Plantas Sagradas e Medicinais, Terapias Integrativas Complementares e Antropologia da Saúde, vinculado ao PPGCR/UFPB. Falaremos de uma transdisciplinaridade da clínica na abordagem teórica “Estruturas Antropológicas do Imaginário” desenvolvida pelo Sociólogo Gilbert Durand, em ampla interface com a Antropologia da Saúde de Lévi Strauss, e a Sociologia Contemporânea de Michel Maffesoli, estudioso do campo do Imaginário que enfoca fenômenos comunitários da pós-modernidade. Estes referenciais possibilitam a compreensão acerca dos mitos fundantes presentes nas diversas etnias indígenas, e em nós mesmos. A intenção é sensibilizar profissionais de saúde, quanto à importância dos mitos fundantes, analisando suas funções, deslocamentos e re-mitificações inerentes às crises de trans-culturalidades, que estão associadas aos processos de saúde-doença. Tal integração teórica nos possibilita compreender como agenciamentos ideológicos da cultura dominante interferem na função simbólica da psique, favorecendo crises identitárias e processos de adoecimento.