Rede Unida, 10º Congresso Internacional da Rede Unida


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De casa para a vida: a implantação de uma oficina terapeutica na UBSF da Beira Linha
Katia Regina Silva Santos

Resumo


Motivadas pelos conteúdos de saúde mental e de acordo com a vivência no cenário de IETC (Integração-Ensino-Trabalho-Cidadania), nos deparamos com um grande desafio enquanto acadêmicas de Graduação de Enfermagem no 4º Período: durante uma visita domiciliar reconhecemos um paciente portador de transtorno mental que nos chamou atenção pelo fato de não sair de casa por ter “medo” da vida aqui fora. Propusemos-lhe o desafio de “explorar” essa tal vida aqui fora e a partir daí traçamos um plano de cuidados para o mesmo, que resultou neste relato de experiência. Nosso objetivo é o de relatar a inclusão deste cliente em seu território com vistas a reabilitação psicossocial, a fim de promover sua reinclusão na sociedade. O método que utilizamos é o relato da nossa própria experiência e vivência diante da realização de uma oficina de pintura a mão livre e com moldes vazados em tecidos, promovendo sua interação com o meio através da aquisição dos materiais, reconhecimento do espaço onde seria realizada a oficina e diálogo com novas pessoas. A partir da transfeita do paciente conosco, conseguimos retirá-lo de um lugar passivo e, passo a passo, construir um local de “produção de vida”, que chamamos de oficina terapêutica. Devido a continuidade da oficina e até o presente momento obtivemos resultados satisfatórios quanto a confiabilidade e interesse do paciente em sair de casa e interagir com outras pessoas além de nós mediante algo do seu próprio interesse, já que o mesmo tem a personalidade pueril e já pintava telas, em sua residência, com vários personagens infantis. À medida que fora adquirindo confiança nas pessoas, passou a se interessar também por outras atividades realizadas pelos membros da equipe da UBSF e da comunidade. Diante dessa aceitação e pela nossa iniciativa, conseguimos o apoio da UBSF e principalmente a melhoria da qualidade de vida desse usuário, além de cativarmos mais dois novos “amigos legais” que não tinham o mesmo tipo de transtorno, mas que se adequavam no mesmo quadro de terapia por não terem oportunidade de expressar seus anseios, habilidades e conhecimentos. Pela ausência de um serviço especializado voltado aos indivíduos com transtorno mental (CAPS) constatamos efetivamente a falta de oportunidade direcionada a tais usuários, impossibilitando assim sua interação com a sociedade e cada vez mais os tornando frágeis, limitados e descrentes de suas potencialidades. Nossa maior satisfação é a de ter contribuído para a mudança e perspectiva de vida desses três usuários, que hoje sentem-se confiantes em expressar suas idéias e feitos, verbalizarem seus anseios, medos e certezas e, acima de tudo, se sentirem GENTE. Essa foi a nossa primeira conquista enquanto acadêmicas, sabemos que a caminhada é longa e que muito ainda pode ser feito para mudarmos a realidade dessa clientela através da creditação e fortalecimento de suas próprias potencialidades, deixando de lado o preconceito e medo do desconhecido, proporcionando meios de expressão de sentimentos até então guardados.