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A relevância dos temas de alimentação e nutrição na Atenção Primária em Saúde tem sido enfatizada desde a Conferência Mundial de Alma Ata, mas vem ganhando maior repercussão nos últimos anos entre profissionais que trabalham com crianças e adolescentes devido a questões relacionadas tanto às carências nutricionais (principalmente a anemia) quanto a obesidade, dislipidemias e transtornos alimentares. No Brasil alimentação é direito previsto na Constituição Federal, contudo ainda existem grandes desafios frente a sua plena efetivação. A escola é um local estratégico para a promoção da alimentação adequada e, em termos de políticas públicas, duas ações são estratégicas: o Programa de Saúde na Escola (PSE) e o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). O PSE desenvolve ações de prevenção, promoção e atenção à saúde dos estudantes da rede pública de educação através da articulação local com Sistema Único de Saúde (por meio da Estratégia de Saúde da Família) e inclui dentre suas ações a promoção da alimentação saudável. O PNAE garante o direito à alimentação escolar em caráter universal e a define em suas diversas dimensões: da saúde incluindo necessidades alimentares especiais; da educação nutricional com ênfase nos hábitos alimentares saudáveis; e do respeito à cultura alimentar e à produção sustentável de alimentos. O trabalho apresentado é parte de tese de doutorado que discute limites e possibilidades de estratégias de Educação Alimentar e Nutricional (EAN) na escola, pautadas pelo Direito Humano à Alimentação Adequada, a partir das experiências do PSE em Duque de Caxias, região metropolitana do Rio de Janeiro. Trata-se de uma pesquisa qualitativa baseada na participação que combina sistematização das experiências e pesquisa-ação. O objetivo do presente trabalho é apresentar o processo de construção de espaços/momentos comunitários e interdisciplinares de EAN tendo como ponto de partida o diagnóstico local de realidade. A pesquisa-ação se preocupa em realizar diagnósticos, identificar problemas e soluções a partir do pressuposto de que pesquisadores e grupos de participantes podem juntos responder com maior eficiência aos problemas complexos vivenciados no cotidiano. Paulo Freire, referencial nesta pesquisa-ação, orienta que o diálogo começa com o diagnóstico local que identifique temas geradores que permitam problematizar a realidade. A grande questão de pesquisa-ação apresentada pela equipe do PSE em questão foi a dificuldade em realizar planejamento conjunto das atividades educativas, embora houvesse consenso sobre a sua importância. Foram realizados momentos de escuta da equipe do PSE e de levantamento da realidade, com registro em diário de campo e por gravação de áudio. A análise coletiva dos dados mostrou que a realização de planejamento e diagnóstico coletivos foram reconhecidos como potentes ferramentas para o desenvolvimento de atividades educativas no PSE.