Rede Unida, 10º Congresso Internacional da Rede Unida


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CARGAS DE TRABALHO DOS AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE
Letícia de Lima Trindade, Lucimare Ferraz, Carine Vendruscolo, Simone Coelho Amestoy, Cintia Nasi

Resumo


O trabalho das Equipes da Estratégia de Saúde da Família (ESF), se por um lado representa um importante recurso de melhoria da assistência à saúde da população, por outro, produz demandas, por vezes complexas, aos trabalhadores, que, freqüentemente, necessitam usar mecanismos de adaptação e enfrentamento. Nesse contexto, destacam-se os agentes comunitários de saúde (ACS), pois estudos apontam que este trabalhador tem enfrentado inúmeras cargas de trabalho no cotidiano laboral, o que em muitas vezes gera o adoecimento. Diante dessa problemática, realizou-se uma pesquisa que buscou conhecer as cargas de trabalhos dos agentes comunitários de saúde de unidades de saúde da família do município de Chapecó, bem como conhecer as estratégias de enfretamento utilizadas pelos ACS, a fim de minimizá-las e/ou eliminá-las do ambiente/ realidade laboral. Para isso foi realizado um estudo descritivo com 45 ACS das Unidades de Saúde da Família do Município, por meio da técnica de entrevista coletiva. Os dados foram gravados, transcritos, categorizados e analisados por temática, segundo a referência de cargas de trabalho utilizadas no estudo. A pesquisa foi avaliada e aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UDESC. O presente relato apresenta dados preliminares do estudo que se encontra na fase de análise dos dados. Nesse momento são apresentadas as cargas físicas identificadas pelos ACSs, que incluíram a exposição contínua a temperaturas muito altas no verão e muito baixas no inverno, decorrentes dos fatores climáticos, durante a visitação domiciliária. A umidade foi identificada como um fator prejudicial à saúde, principalmente no inverno. Os trabalhadores revelaram que a falta de canalização do esgoto e de calçamento também como um fator agravante. Outra carga física é a exposição a odores provindos do esgoto, dos animais domésticos, do armazenamento inadequado do lixo e das próprias condições de higiene das famílias que visitavam. Além disso, freqüente se expõem aos ruídos. Entre os sintomas e doenças que apresentaram e relacionam às cargas físicas destacaram: prurido e queimaduras na pele após exposição ao sol; otites e sinusites recorrentes e cefaléias, sinais e sintomas relacionados às condições climáticas e do ambiente onde atuam. Como medidas de proteção, alguns utilizavam boné nos dias quentes, bota e capa nos dias de chuva e umidade alta. Observou-se que os ACS se esquecem de utilizar outros mecanismos de proteção igualmente importantes como o uso de protetor solar, óculos escuros e o uso de roupas que protejam os braços e pernas. Os achados preliminares já demonstram a importância de intervenções junto a esses trabalhadores em busca da promoção e proteção de sua saúde.