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Introdução: dados do IBGE revelam que o Brasil tem aproximadamente 50% da sua população autoclassificada afro-descendente. Há significantes iniqüidades em saúde bucal entre pretos, pardos e brancos: 56,8% dos pretos utilizam o serviço odontológico público na mesma proporção em que os brancos utilizam outros serviços. Objetivos: relatar dados preliminares da prevalência da cárie dentária nos integrantes do quilombo São José da Serra, em Valença/RJ. Metodologia: estudo de base regional, seccional, descritivo e exploratório, fundamentada no levantamento de dados primários da cárie dentária, utilizando os índices ceo-d/CPO-D. A pesquisa obteve aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa do CPO SL Mandic, em 30/06/2011 (Protocolo no. 2011/0111). Os indivíduos examinados estavam nas faixas etárias: 4 a 11 (n=18), 12 a 19 (n=4), 20 a 34 (n=14), 35 a 44 (n= 3), 45 a 64 (n=9), 65 ou mais anos (n=5). Os quilombolas são assistidos por uma equipe da Unidade Estratégia Saúde da Família (ESF), que conta com uma Equipe de Saúde Bucal (ESB). Moram no quilombo 31 famílias, totalizando 77 pessoas. Os exames tátil-visuais foram realizados nos domicílios (jovens e adultos) e na escola (crianças), utilizando-se a metodologia preconizada pelo Levantamento SBBrasil 2010. Resultados: de 77 quilombolas, foram examinados 53 indivíduos, nas seguintes faixas etárias: 4 a 11 (n=18), 12 a 19 (n=4), 20 a 34 (n=14), 35 a 44 (n=3), 45 a 64 (n=9), 65 ou mais anos (n=5). Registrou-se, na idade de 4 a 11 anos, o valor de ceo-d médio 4,3, com predominância do componente cariado (98,2%) . Os valores CPO-D médios encontrados foram: 6 a 11 anos: 0,9 (C=70% , P=20% , O=10% ); 12 a 19 anos: 0,4 (O=100%); 20 a 34 anos: 9,5 (C=44,1%, P= 11,1%, O=44,8% ); 35 a 44: 16,3 (C=22,4%, P=71,4%, O=6,2% ); 45 a 64 anos: 25 (C=4,5% , P=95,5%); 65 ou mais anos: 27,4(C= 8,8%, P= 91,2%). a prevalência de cárie na população estudada é alta, com predominância do componente perdido. Conclusões os resultados revelam necessidade de implementação de medidas de atenção à saúde bucal capazes de intervir nos determinantes da cárie na população. A atuação da equipe de saúde bucal precisa ser otimizada a fim de atender à demanda por ações de recuperação da saúde. Fica evidente a necessidade de que à população negra, em especial aos remanescentes de quilombos, seja destinada uma assistência à saúde diferenciada, que respeite seu patrimônio cultural e atenda suas especificidades.