Rede Unida, 10º Congresso Internacional da Rede Unida


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Cartografando territórios na Estratégia Saúde da Família: o acolhimento a partir da escuta dos sujeitos implicados
Maria Rocineide Ferreira da Silva, Ricardo José Soares Pontes, Lia Carneiro Silveira, Thayza Miranda Pereira, Olga Maria de Alencar, Kilma Wanderley Lopes Gomes

Resumo


Desde seu nascimento em 1994, o Saúde da Família, pautou-se por superar processos medicalizadores tomando a promoção da saúde e apropriação de abordagens baseadas na integralidade da atenção como ações/práticas necessárias. Um dos limites percebidos na ESF é ampliar a organização da atenção à população adscrita considerando além dos programas previstos, a demanda espontânea que chega a unidade. Cartografando o trabalho desenvolvido num centro de saúde da família na cidade de Fortaleza, encontrou-se como tema gerador de inquietações nas oficinas realizadas para produção de dados de uma pesquisa, o tema da humanização, concentrado, sobretudo na discussão do acolhimento existente na unidade. Refletir a partir dos diferentes relatos propiciados por trabalhadores da ESF como o acolhimento se concretiza e analisar que questões emergem quando da sua vivência no cotidiano foram objetivos desse trabalho. Utilizou-se para produção do córpus para análise dos dados a análise de discurso proposta por Eni Orlandi. Assim, dos efeitos de sentido produzidos dos discursos emergiram núcleos temáticos para reflexão. A partir daí nos apropriamos dos referenciais da filosofia da diferença para produção dos resultados. Os resultados revelam que o acolhimento é visto por alguns como espaços de compartilhamento de afetos, assim como algo potente para organização do serviço. Entende-se que a forma como vem acontecendo acarreta sobrecarga que as equipes de saúde assumem no seu cotidiano e por não romperem com o modelo assistencial hegemônico, essa prática tornou-se mecanicista e biologicista no seu fazer contribuindo para reforçar o processo de medicalização que a sociedade vive, ao se fortalecer a prática da consulta como questão cultural. As lacunas no processo de gestão do cuidado foram observadas pela falta de ofertas realizadas aos usuários que procuram o centro de saúde. É necessário conhecer os diversos sujeitos e as competências que cada profissão traz consigo para potencializar esse momento, por isso além da dimensão individual, singularizada da atenção é preciso reforçar os espaços coletivos de produção da saúde. Foi importante perceber que a participação popular é elemento importante, já que a transformação desse espaço é o objeto do acolhimento. Pensar saúde a partir dos espaços de produção de vida envolve uma outra lógica, o diálogo é uma ferramenta importante por dinamizar reflexões e revelar a criatividade para resolução de problemas da com a própria comunidade.