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Cartografando territórios na Estratégia Saúde da Família: o acolhimento a partir da escuta dos sujeitos implicados
Resumo
Desde seu nascimento em 1994, o Saúde da Família, pautou-se por superar processos medicalizadores tomando a promoção da saúde e apropriação de abordagens baseadas na integralidade da atenção como ações/práticas necessárias. Um dos limites percebidos na ESF é ampliar a organização da atenção à população adscrita considerando além dos programas previstos, a demanda espontânea que chega a unidade. Cartografando o trabalho desenvolvido num centro de saúde da família na cidade de Fortaleza, encontrou-se como tema gerador de inquietações nas oficinas realizadas para produção de dados de uma pesquisa, o tema da humanização, concentrado, sobretudo na discussão do acolhimento existente na unidade. Refletir a partir dos diferentes relatos propiciados por trabalhadores da ESF como o acolhimento se concretiza e analisar que questões emergem quando da sua vivência no cotidiano foram objetivos desse trabalho. Utilizou-se para produção do córpus para análise dos dados a análise de discurso proposta por Eni Orlandi. Assim, dos efeitos de sentido produzidos dos discursos emergiram núcleos temáticos para reflexão. A partir daí nos apropriamos dos referenciais da filosofia da diferença para produção dos resultados. Os resultados revelam que o acolhimento é visto por alguns como espaços de compartilhamento de afetos, assim como algo potente para organização do serviço. Entende-se que a forma como vem acontecendo acarreta sobrecarga que as equipes de saúde assumem no seu cotidiano e por não romperem com o modelo assistencial hegemônico, essa prática tornou-se mecanicista e biologicista no seu fazer contribuindo para reforçar o processo de medicalização que a sociedade vive, ao se fortalecer a prática da consulta como questão cultural. As lacunas no processo de gestão do cuidado foram observadas pela falta de ofertas realizadas aos usuários que procuram o centro de saúde. É necessário conhecer os diversos sujeitos e as competências que cada profissão traz consigo para potencializar esse momento, por isso além da dimensão individual, singularizada da atenção é preciso reforçar os espaços coletivos de produção da saúde. Foi importante perceber que a participação popular é elemento importante, já que a transformação desse espaço é o objeto do acolhimento. Pensar saúde a partir dos espaços de produção de vida envolve uma outra lógica, o diálogo é uma ferramenta importante por dinamizar reflexões e revelar a criatividade para resolução de problemas da com a própria comunidade.