Rede Unida, 10º Congresso Internacional da Rede Unida


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Ensino de gestão na graduação médica: um possível encontro entre Universidade e Serviços de Saúde
Bruno Mariani Azevedo, Sérgio Resende Carvalho

Resumo


A forma de organizar o sistema trazida com o SUS, coloca importantes desafios ao trabalho, à gestão e à formação para esta nova realidade. A Descentralização deu importante empoderamento para que municípios criassem formas de gerir e trabalhar em saúde diante de suas singularidades, dando mais abertura a entendimentos como o da necessidade de se produzir co-responsabilização e autonomia, do trabalho em saúde como um processo de produção de subjetividade contínuo, em ato, que se dá no encontro entre trabalhadores, gestores e usuários. O trabalho em saúde precisa ser co-gerido e o que se desenvolve nesse encontro pode ser potencializador ou decompositor de sujeitos e coletivos. Isto marca a última década, nas discussões sobre as mudanças curriculares nos cursos de Medicina. As mudanças nos currículos (formal e paralelo) são incentivadas por diretrizes, projetos e políticas governamentais diversos. Em 2001, enquanto Campinas faz uma série de transformações na forma de fazer gestão e pensar a atenção à saúde, inicia um novo currículo do curso de Medicina da Unicamp. Tal mudança curricular assume a Atenção Básica como importante cenário de ensino-aprendizagem, levando alunos a quase todas as regiões da cidade. Neste cenário, o que se passa nesse encontro da universidade com o serviço, entre alunos, docentes, gestores, trabalhadores e usuários, do projeto institucional dos serviços com o projeto educativo? É um encontro que provoca incômodo, conflito e dissenso, que traz novos sentidos para as práticas dos serviços e das universidades. Aponta para importância que tal relação traz para a formação dos trabalhadores, para a reflexão e qualificação da gestão, para a mudança da prática médica. Tomando o apoio de conceitos trazidos pela filosofia da diferença, esta investigação utiliza-se de métodos como diários de campo, grupos focais e oficinas com gestores, trabalhadores, docentes e alunos envolvidos com o estágio de Planejamento e Gestão/Saúde Coletiva do 5º ano de medicina da Unicamp para construir uma cartografia em torno deste encontro na integração ensino-serviço, construindo uma interpolação de olhares sobre tal acontecimento e mapeando as linhas de forças e poderes instituídos que atravessam essa relação. No processo, a pesquisa constrói a história de criação e desenvolvimento deste estágio, identifica as tensões constitutivas deste campo de trabalho, ensino e aprendizagem, dialogando com as potências e dificuldades de cada segmento.